domingo, 5 de julho de 2009

Lula empareda PT e cria constrangimentos

Enquanto a bancada do PT (antigo partido dos Trabalhadores) manifesta publicamente posição favorável ao afastamento de Sarney da presidência do Congresso, o presidente Lula após voltar de viagem, enquadra todo mundo - a dizer, seus subordinados - e manda apoiar Sarney.

Numa intervenção que não é só intra-partidária mas, principalmente nos Poderes constituídos da Democracia, o presidente Luiz Inácio amigo-da-onça Lula da Silva, expôs a constrangimentos nomes importantes da política brasileira. Visivelmente constrangido, nesta sexta-feira o senador Aloízio Mercadante em entrevista coletiva à mídia televisiva tentava argumentar a [nova] mudança de postura do PT quanto ao caso Sarney, após a incisiva interferência de Lula: "governabilidade", eis a palavra mercadantesca.

Ser líder de um desgoverno é, imagino, tarefa pra poucos. Na noite de terça-feira o PT se reuniu e deliberou pelo afastamento: um mês de afastamento à Sarney. Eis que na quarta-feira o PT assumiu publicamente posição favorável ao afastamento de Sarney. Mas na mesma quarta-feira o mesmo PT desmentiu tal posicionamento. Em um curto período de tempo, por volta das 14 às 16 horas de quarta, o PT foi à imprensa e mudou o discurso umas três vezes. Ora era à favor do afastamento, ora contra.

O que não sabiam os senadores do PT era que ainda na terça, Sarney falara com o Presidente Lula. Criticara a posição do PT e obtivera como resposta um "fica tranquilo companheiro". Para Lula, o amigo-da-onça, os senadores do PT estavam sendo, aliás, seriam, "amadores". Tudo seria resolvido quando ele voltasse da Líbia, e depois é claro do jogo do Curinthian.

O fato é que Mercadante estava irreconhecível em entrevista coletiva nesta sexta-feira, constrangido era adjetivo pequeno.

Neste domingo, em edição de Veja, ainda sobre essa torre de Babel, outro petista, o senador Tião Viana, não se conteve ao criticar seu presidente: "... ele deixa uma grande frustração no que se pensava ser uma de suas maiores habilidades: a política partidária. Lula nada fez para evitar a desconstrução e a perda de autoridade moral do Congresso... é papel do chefe de estado fazer com que as instituições como o Parlamento sejam vigorosas". Tião Viana, do PT, foi Presidente do Senado após o afastamento de Renan Calheiros, e foi também adversário de Sarney na última eleição à Presidência do Congresso Federal - não obtendo o apoio de Lula, seu Presidente.

Do modo como as coisas se apresentam, e levando em conta a história recente deste atual governo, esta é uma crise da qual não temos a mínima idéia de como acabará. Sustentada em um partido fisiologista, tal qual o PMDB, e pseudo-governada por um partido de fachada - que na verdade já nem existe mais, o PT, é certo que a Democracia brasileira passa por um momento diferente, pois é fácil afirmar que nunca na história desse país houve tanto desgoverno com cara de governo.

Abraços,
D.

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