sábado, 8 de agosto de 2009

"Obrigado"

por Arthur Virgílio

Construí minha história na política. Nasci político. Por meu tio-avô, Senador Severiano Nunes, e meu avô, o Desembargador Arthur Virgílio, além de meu pai, o Senador Arthur Virgílio Filho, comecei até mesmo antes de nascer. É daí que vem a convicção extremada de minha luta em defesa da instituição Senado Federal.

Lutar é minha rotina. Otimizar e expandir a representatividade de meu mandato tem sido meu dia-a-dia. As prerrogativas de minha cadeira têm sido usadas exaustivamente para defender minha Pátria e meu Estado. Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes, como repetia Abraham Lincoln, e por isso não permito que ninguém me silencie.

O presidente do Conselho de Ética do Senado, contra todo e qualquer traço de razão, tenta arquivar as representações de meu partido, o PSDB, e do PSOL, além das denúncias minhas e do senador Cristovam Buarque, contra o presidente José Sarney e o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros.

Não pára por aí. Semana que vem eles devem me presentear com o laurel de ter a representação contra mim como única a ter aceitação e continuidade naquele conselho.

O denunciante vira denunciado. O político pobre que é o primeiro a reconhecer um erro – permitir que um funcionário fizesse curso no exterior – e a oferecer devolução pecuniária do próprio bolso para corrigi-lo vira réu, enquanto os que construíram fortunas na carreira política e colecionam acusações que os colocam do pior lado da política brasileira são absolvidos.

É claro que isso não ficará assim. Recorreremos ao pleno do próprio Conselho de Ética e, se não for suficiente, iremos ao plenário auscultar o coração do Senado.

Faço minha parte. Mantenho meu posto. Não houvesse a convicção firmada no passado de minha família, as manifestações que tenho recebido me bastariam. São milhares de mensagens na minha caixa de correio eletrônico, todos os dias. “Quando o senhor segurou o copo d’água e tomou, na tribuna, mostrou o equilíbrio e a segurança que se exigem dos homens públicos”; “Não voto no Amazonas, mas os amazonenses devem estar cheios de orgulho por terem sido seus eleitores”; “Não conheço outro político com a coragem do senhor”; “Fique firme na luta, o Brasil conta com isso”. E por aí vai.

Nas ruas, por onde ando, recebo cumprimentos. O ex-presidente Fernando Henrique ligou-me para dizer que há tempos não assistia a uma onda de solidariedade como a que se instalou em torno de minha atuação.

Indagam-me: “Por que mudou o tom dos seus discursos?” Porque agora é hora de mais serenidade. Firmeza sim, mas no tom certo para imobilizar a tropa de choque do presidente Sarney nas poltronas e fazê-la ouvir a voz da consciência da Nação.

A credibilidade do Senado está em jogo. Isso vale mais que qualquer mandato. E quando a maioria silenciosa do plenário tiver a chance de se pronunciar, Sarney e Renan cairão em si quanto ao grosseiro erro que cometeram, ao fechar os olhos para as vozes da imprensa e das ruas.

Estou calmo. Firme como uma rocha. Orgulhoso dos brasileiros, especialmente os do Amazonas, pelo apoio candente que me prestam. Vamos vencer.

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