Lá se vão quase dez anos em que li Domenico de Masi pela primeira vez. Sua teoria do “Tempo Livre” chamou-me atenção de imediato. Eu, aluno iniciante do curso de Ciências Sociais, da Federal do Amazonas, via naquela sociologia do trabalho algo mais que uma teoria do trabalho. Na verdade o que De Masi fala é sobre o sujeito contemporâneo e seus impasses.
A partir da leitura de O Ócio Criativo podemos identificar o impasse desse sujeito contemporâneo ao criar algo, formas de relações sociais, para logo depois ser consumido por sua criatura. Pois o homem moderno cria a modernidade para em seguida se consumido por ela. Sim, o livro é mais que um tratado de sociologia do trabalho, como já falei. Fala sobre a velocidade com a qual o homem moderno constrói seu existir. Uma velocidade que lhe rouba sua própria essência enquanto humano.
Lembremos que o humano se fez humano na medida em que se sociabilizou. Uniu-se a outros seres de mesma espécie para lutar contra a força da natureza e melhor dominar o seu ambiente. Porém, na medida em que esse “humano” constrói sistemas que lhes melhoram e facilitam a vida, esses mesmos sistemas lhes afastam dos outros seres. Donde surge a pergunta, ou quase consequência lógica: será que está esse humano se desumanizando?
Por hora, não quero misturar esse raiz de pensamento com o niilismo Nietzschiano, em que nos fica bem claro o preço que o homem paga por ter se tornado “humano”, por ter traído a sua condição naturante e se voltado contra a natureza. Afinal para Nietzsche o grande mal do homem é ser humano, demasiado humano.
Porém, ao irromper neste caminho, o que me chama àtenção é essa desumanificação do homem contemporâneo ("pós-moderno", como diria Lyotard). O tipo de sociedade que esse humano construiu, a cada dia o afasta mais de si mesmo e do Outro como referência. E na tentativa de suprir sua falta existencial com a objetividade das coisas, deixa de lado a subjetividade das relações sociais. É muita parafernália, muito “combo”, muitos canais de TV à cabo, muita TV digital, etc. Muitas coisas superficiais para lhe ocupar o tempo. Um tempo livre que, voltando à De Masi, poderia ser aplicado em criatividade e afetividade.
Para o sociólogo italiano um dos grandes paradoxos da vida moderna é que somos educados, desde crianças, a uma vida estritamente voltado ao trabalho, esse trabalho asfixiante, de certa forma ainda industrial, ou no máximo pós-industrial. Passamos a vida inteira em escolas, colégios e faculdades que nos ensinam a apertar parafusos e nos mantermos dentro da caixa de possibilidades. Um trabalho ainda alienado, se pensarmos em Marx. Mas a verdade é que não somos educados para vivenciarmos a maior parte de nossas vidas, educados para o maior tempo que dispomos, para o nosso “tempo livre”.
Em um mundo em que cada vez mais o trabalho e as atividades de massa são robotizadas, e supridas através da tecnologia, o que fará o homem com o seu tempo livre, se não foi para isso educado? Como modificar formas-de-estar-no-mundo se nosso referencial ainda é o trabalho alienado, se vivemos imersos num corre-corre que nos tira o tempo livre? Como re-construir uma sociedade politizada, e politizante, se esta está imersa na alienação tecnológica e tecnocrática?
Como disse, é muita parafernália.
Abraços,
D.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
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Tempo livre e o homem contemporâneo |
terça-feira, 1 de setembro de 2009
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Glândula timo e partidos políticos |
Mas por entre tantas funções, quero destacar aqui uma em especial: a glândula timo é responsável pelo registro genético de nossas células, sendo um dos pilares de nosso sistema imunológico. É nela que se produz a "célula T", uma célula que ao passar pelo timo recebe nosso registro de identidade genética. De posse desse registro, a "célula T" assume a missão de identificar "corpos estranhos" no organismo, invasores, vírus, etc. Então, ao encontrá-los, argui-los e, se for o caso, acionar os mecanismos de defesa do organismo contra aquele invasor.
Acontece que, mais importante é o fato de ser a célula T responsável por nossa, digamos que, "evolução" biológica. Ao que pese o viés biologicista, não muito a mim peculiar, o exemplo aqui é salutar, pois, o que vem a ser um "corpo estranho", um "invasor" em um sistema, senão algo que nos força a mudanças?
Imaginem vocês agora um diálogo entre uma célula T e um "invasor". A célula T, de posse da identidade genética do indivíduo, diz: "Auto, quem é você? Você não é um dos nossos! Retire-se ou chamarei os leucócitos". Eis que "o invasor" responde: "Calma companheira! Não sou um simples invasor. Sou um mensageiro. E vim lhes dizer que o mundo lá fora é diferente. Se vocês não se adaptarem, morrerão".
Pronto! Está posta a evolução biológica do ser humano - um simples caso de adaptabilidade ao meio. A verdade é que não são [só] os "mais fortes que sobrevivem", mas sim os "mais aptos". Adaptar-se é a regra número um dos seres humanos.
Escrevo isto ao acabar de rever um programa televisivo da ManagemenTV sobre a empresa de consultoria Thymus Branding, consultoria estratégica, e também empolgado com a leitura do livro recém adquirido "A Estratégia de Barack Obama", em que os autores detalham pontos da estratégia vitoriosa de Campanha Eleitoral à presidência de Obama. E ao ler e ter contato com este tipo de material, cada vez tenho mais a convicção de que a política está mudando. Aliás, já mudou! A eleição de Obama é marco divisor. Isto é fato! Política é algo profissional, cada vez mais profissional. A cada dia que passa tem um livro novo a ser lido, uma análise a ser feita, uma estratégia a ser lançada, metas, planejamento, internet, interatividade, webTV, etc. Tudo, exatamente tudo em política esta sendo profissionalizado. A política velha está cheia de "corpos estranhos". Quem não se adaptar, ficará para trás.
Penso então que, é chegada a hora dos partidos políticos, e demais instituições políticas, colocarem sua glândula timo pra funcionar, e reconhcerem como o "meio externo" mudou, como a sociedade mudou - para mudarem junto, adaptarem-se, tornarem-se definitivamente "aptos", pois que "só os mais aptos sobrevivem".
Abraços,
D.
sábado, 8 de agosto de 2009
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"Obrigado" |
por Arthur VirgílioConstruí minha história na política. Nasci político. Por meu tio-avô, Senador Severiano Nunes, e meu avô, o Desembargador Arthur Virgílio, além de meu pai, o Senador Arthur Virgílio Filho, comecei até mesmo antes de nascer. É daí que vem a convicção extremada de minha luta em defesa da instituição Senado Federal.
Lutar é minha rotina. Otimizar e expandir a representatividade de meu mandato tem sido meu dia-a-dia. As prerrogativas de minha cadeira têm sido usadas exaustivamente para defender minha Pátria e meu Estado. Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes, como repetia Abraham Lincoln, e por isso não permito que ninguém me silencie.
O presidente do Conselho de Ética do Senado, contra todo e qualquer traço de razão, tenta arquivar as representações de meu partido, o PSDB, e do PSOL, além das denúncias minhas e do senador Cristovam Buarque, contra o presidente José Sarney e o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros.
Não pára por aí. Semana que vem eles devem me presentear com o laurel de ter a representação contra mim como única a ter aceitação e continuidade naquele conselho.
O denunciante vira denunciado. O político pobre que é o primeiro a reconhecer um erro – permitir que um funcionário fizesse curso no exterior – e a oferecer devolução pecuniária do próprio bolso para corrigi-lo vira réu, enquanto os que construíram fortunas na carreira política e colecionam acusações que os colocam do pior lado da política brasileira são absolvidos.
É claro que isso não ficará assim. Recorreremos ao pleno do próprio Conselho de Ética e, se não for suficiente, iremos ao plenário auscultar o coração do Senado.
Faço minha parte. Mantenho meu posto. Não houvesse a convicção firmada no passado de minha família, as manifestações que tenho recebido me bastariam. São milhares de mensagens na minha caixa de correio eletrônico, todos os dias. “Quando o senhor segurou o copo d’água e tomou, na tribuna, mostrou o equilíbrio e a segurança que se exigem dos homens públicos”; “Não voto no Amazonas, mas os amazonenses devem estar cheios de orgulho por terem sido seus eleitores”; “Não conheço outro político com a coragem do senhor”; “Fique firme na luta, o Brasil conta com isso”. E por aí vai.
Nas ruas, por onde ando, recebo cumprimentos. O ex-presidente Fernando Henrique ligou-me para dizer que há tempos não assistia a uma onda de solidariedade como a que se instalou em torno de minha atuação.
Indagam-me: “Por que mudou o tom dos seus discursos?” Porque agora é hora de mais serenidade. Firmeza sim, mas no tom certo para imobilizar a tropa de choque do presidente Sarney nas poltronas e fazê-la ouvir a voz da consciência da Nação.
A credibilidade do Senado está em jogo. Isso vale mais que qualquer mandato. E quando a maioria silenciosa do plenário tiver a chance de se pronunciar, Sarney e Renan cairão em si quanto ao grosseiro erro que cometeram, ao fechar os olhos para as vozes da imprensa e das ruas.
Estou calmo. Firme como uma rocha. Orgulhoso dos brasileiros, especialmente os do Amazonas, pelo apoio candente que me prestam. Vamos vencer.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
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Do Olhar ao Desejo |
"Quem olha deseja". Através deste dito, que se dá como uma constatação, inicio análise sobre o olhar e o desejo, utilizando como fundo a linguagem lacaniana e alguns conceitos básicos em psicanálise. A análise do olhar aqui apresentada volta-se particularmente a questão da presença do Outro, enquanto ser a quem recorremos para nos fazermos existir, e de que forma nos fazemos presentes nesse Outro, vinculando sempre este olhar ao desejo.
O olhar deve ser visto como a forma mais original com a qual percebemos o mundo, é através dele que buscamos o mundo e as pessoas, e também é através dele que nos revelamos aos outros. Quando olhamos alguém nos damos a esse alguém que olhamos pela reciprocidade do nosso olhar, pois olhar implica retorno, reconhecimento. Olhar é também ser atingido pelo outro, "olhar é ser-visto", uma vez que o sujeito se constitui primeiramente através do olhar, um olhar direcionado a um outro. Ao olhar alguém identificamos nesse alguém algo, algo que nos faz existir, que nos constitui enquanto ser. Assim, pode-se afirmar que todo olhar tem uma intencionalidade, a de constituição do sujeito a partir do que se olha. Todo olhar visa algo e a uma descoberta, e assim, criamos uma relaçào com quem se está olhando, uma relação de busca-de-si através do outro, nesse jogo do olhar.
Essa busca, que não é um procurar qualquer, nem é preciso falar que se dá pela falta, pela suspensão de algo originário retirado do sujeito quando este fôra deslocado do desejo da mãe, através da intervenção paterna. Essa castração simbólica ao deslocar o falo ao lugar do Outro, duplica a marca da falta neste lugar destinado a esse Outro, instituindo posteriormente através da linguagem um objeto a suprir esta falta, um "objeto faltante", um "objeto" causa do desejo. Então, percebe-se que o desejo surge para o sujeito no momento em que este objeto causa de seu desejo passa a lhe faltar. É aí que surge a questão do olhar.
É pelo olhar que primeiramente buscamos esse algo que nos falta, esse "objeto faltante", é pelo olhar que tentamos apreender o mundo no intuito de suprir essa falta. Porém essa falta, que é causa inconsciente do desejo, é também condição fundamental do ser, sendo que por isso o desejo não se pode satisfazer, não cessa, apenas se desloca. Então, continuamos sempre a olhar, sempre em busca, e sem preceber quando olhamos alguém estamos (re)construindo uma relação para suprir essa falta.
Quando direciono o olhar a alguém, na verdade, não só passo a olhar esse alguém mas, sobretudo, ESCOLHO esse alguém a quem olho. Não só por identificá-lo a meu objeto faltante, como também por me fazer ser-visto por esse alguém, de modo que a imagem refletida por esse outro me faça reconhecer-me em mim mesmo. A unicidade do sujeito depende da imagem que me é ofertada por esse Outro. Depende dessa relação de (re)conhecimento por esse Outro, e é me alienando na imagem desse Outro, a partir de uma série de identificações ideais, que posso me reconhecer. É por isso que o enamoradamento sempre se dá por identificação, uma vez que quando olhamos o Outro também somos-vistos por esse outro e nos alienamos em seu desejo, regulando-nos a partir do signo do reconhecimento, identificando nesse outro algo propriamente nosso mas que paradoxalmente nos falta. Assim, quando se manda flores a uma mulher, ou quando esta faz algo similar a um homem, não está se configurando aí, como muitos pensam, uma relação originariamente dual, ainda não. O que está em jogo é uma relação do eu-em-mim com um eu-para-mim, de quem se espera reconhecimento e que por identificação assume o papel do Outro, mas que na verdade é pura efetivação do DESEJO.
Nesse tipo de relação o reconheciemnto vindo desse Outro é o que realmente se espera.
O olhar, esse olhar que é voltado ao Outro, visa apreender esse ser, primeiramente imaginário, que antes chameir de eu-para-mim, pois é nele que encontram-se todas as nossas expectativas de nos constituirmos no mundo e de suprirmos nossa carência original, nossa falta, fazendo dele assim, um objeto que colocamos no lugar do "ideal-do-eu". É que por consequencia disso que se vive em razão de seu reconhecimento, visto que é por esse olhar do Outro que eu me reconheço.
Só que, este investimento libidinal do "eu ideal" para com a imagem projetada no Outro, naquele outro lugar, é incompleto. Parte da libido permanece ligada a unidade do eu originário, caracterizando assim , na experiência amorosa, a falta à imagem amada, projetada no Outro. É então que o objeto amado dá-se a partir dessa falta, e o objeto causa do desejo responderá justamente a esse lugar, a essa falta. Sendo porém que como o desejo não cessa, é deslocamento constante, o objeto causa de desejo - objeto tido como o objeto do Amor - não se dá a apreender. Logo, o Amor é uma espécie de vazio constante, uma inscrição de algo volátil em um lugar da falta - mesmo que muitos ainda acreditem e creditem suas vidas na existência de tal sentimento.
Vê-se então que o olhar nada mais é do que a "superfície do desejo", como diria Sartre, pois que "é pelo olhar que o desejo se manisfesta".
Utilizando uma linguagem mais simples, pode-se dizer que nós nos buscamos através do outro, mesmo que para isso seja preciso entrar numa questão de ordem narcísica como dado estrutural do sujeito, pois sabe-se que o sujeito se constitui a partir da relação com sua própria imagem. Talvez sendo por isso que "a escolha do objeto seja sempre uma escolha do objeto narcísico".
O olhar não deve ser entendido como simples aparição banal das coisas no campo de nossa percepção visual, pois acima de tudo olhar é também ser visto.
Observamos que o conteúdo aqui analisado é, se muito, apenas de caráter elementar sobre algo que já foi há muito dito em psicanálise mas, o que está valendo é a tentativa de (re)lembrar às pessoas o significado que tem o olhar, e como ele se liga ao desejo.* artigo originalmente publicado no periódico ISSO FALA, dos alunos do curso de Psicologia da UFAM, em julho de 2003.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
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O Pai colonizado |
por Sávio Sales
Os temas referentas à colonização são uns dos mais interessantes para estudo. O fato das ex-colônias não obedecerem às regras do contrato social e as variações das representações sociais, que num mesmo sujeito podem aparecer das mais variadas maneiras e até mesmo de maneiras antagônicas, faz-no pensar como pode se chegar a um entendimento de "identidade nacional" ou até mesmo se esta pode existir. Existindo, como tais sociedades podem se auto-regular a partir de tantas contradições? Percebemos como o tema é intrigante e portanto, estimulante. No entanto, como a figura paterna é pouco estudada, e pelo fato de ter forte relavância na formação de qualquer sociedade, após achar um artigo que resvala neste tema, procurei apresentar alguns pontos para reflexão e novas conclusões.
O psicanalista Roland Chemama em um artigo no livro "Psicanálise e Colonização", faz algumas colocações interessantes sobre a figura paterna nos países que outrora foram colonizados, tendo por base sua experiência na Tunísia - que até pouco tempo era uma colônia francesa. Segundo Chemama, os pais, nesses países, são, através de vários mecanismos, identificados com o sujeito subjugado (colonizado) em contraposiçào à figura do colonizador, que se apresenta como ideal. O filho ao se identificar com o colonizador passa a ter com o pai uma atitude de incompreensão quanto a maneira deste pensar e agir, e tal atitude se reflete em comportamentos antagônicos ao longo da vida.
Mas, essa adversidade não é total. Para o autor existe aí um fator importante nesse processo, que é o estebelecimento de uma clivagem entre identificação com o ideal (colonizador) e uma outra que se encontra no mundo materno, onde o pai real transita sem um lugar fixo. Essa clivagem irá ter reflexos quando na fase adulta o filho, agora já pai, lhe sendo negado o acesso real aos meios materiais e jurídicos do colonizador, abdica ou é forçado a abdicar de ser o suporte de identificação para com seu filho, que consequentemente repete o processo de busca de identificação com o colonizador - que sempre se oferece como ideal.
O autor não define precisamente quem é "o colonizador" mas, o que se pode perceber é que este não se apresenta como real, mas sim revestido de uma aura estética de um ser que manda, subjuga, impõe, delimita padrões e que pode se fazer representar nas roupas, filmes, títulos universitários, etc.
Ressalvando sempre as diversidades das mais variadas formas de colonização, que têm aspectos dissimétricos internos e externos, a conclusão a que chega Chemama é que nos países frutos da colonização, ocorre um processo de colonização sucessiva, ou mais precisamente uma "re-colonização" constante.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
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O Acre em perigo ! |
por Mario Santana
Torna-se a cada dia mais desvairado o desempenho da diplomacia brasileira, que já teve num passado remoto e em tempos mais recentes, um comportamento elogiado internacionalmente. Diplomatas como o barão do Rio Branco, Oswaldo Aranha e San Tiago Dantas, entre outros, que colocaram o país na primeira linha da diplomacia internacional, têm seu trabalho colocado em risco, por um triunvirato bisonho e arrogantemente tendencioso - M.A. Garcia (o top top), C. Amorim e S.P. Guimarães – cujos resultados denigrem a imagem tão arduamente conquistada pelos antigos ocupantes do Palácio Itamaraty.
A atuação da diplomacia brasileira atual é tão destrambelhada, que somente nesses últimos anos o Brasil, ao pretender ocupar cargos estratégicos no cenário mundial, vem sofrendo derrotas inexoráveis. Senão vejamos algumas delas:
· Em 2005 Luís Felipe de Seixas Corrêa perdeu a eleição para a OMC;
· No mesmo ano João Sayad perdeu a eleição para o BID;
· Em maio de 2009, Ellen Gracie perde vaga de juíza da OMC;
· O ministro Celso Amorim declara que o Brasil não vai apoiar o brasileiro Marcio Barbosa para a Unesco mas sim, o egípcio Farouk Hosny que entre outras coisas é considerado um anti-semita;
· Até a data de hoje, o Itamaraty não conseguiu colocar o Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Apesar do governo lula ter dado á China o status de economia de mercado, em troca de seu suposto apoio no episódio.
Na America Latina é que aparecem em maiores quantidades, as patuscadas do ministro Celso Amorim e a pusilanimidade do presidente lula :
· Rafael Correa do Equador determinou o embargo dos bens da Odebrecht no país, a ocupação das obras da construtora pelo exército e proibiu que brasileiros deixassem o país, tomando-os como reféns e admitiu que não pagará o empréstimo de cerca de 200 milhões de dólares efetuado com órgão do governo brasileiro (BNDES);
· Evo Morales da Bolívia mandou o exercito invadir duas refinarias da Petrobras, acusou a maior empresa brasileira de ser contrabandista e pagou somente 112 milhões de dólares pelas duas, acarretando enorme prejuízo ao Brasil;
· Fernando Lugano do Paraguai ao conseguir aumentar em 200% o preço pago pelo Brasil, da energia de Itaipu, construída com o dinheiro dos brasileiros, fez lula voltar atrás ao que havia dito antes. Dizia lula “Em Itaipu temos um tratado e vamos mantê-lo. Um tratado não se modifica”.
No continente africano o governo lula anistiou a dívida de diversos países governados por ditadores, na ordem de 700 milhões de dólares. E aqui no Brasil o magnânimo lula rejeita todos os projetos de lei que procuram amenizar o sofrimento dos aposentados do INSS, dando como desculpa a escassez de dinheiro público. Esses mesmos aposentados irão pagar a conta da ação do presidente no episódio Itaipu, individualmente ou através do Tesouro Nacional.
Analisando o comportamento vergonhoso e perdulário da diplomacia brasileira por todos esses anos lulistas, é bom que os acreanos acionem os seus senadores petistas, pois num rasgo de generosidade o presidente lula, aconselhado por sua diplomacia, atendendo a pedido do presidente cocalero Evo Morales, pode proscrever o Tratado de Petrópolis (1903), e num átimo o Acre voltará a ser boliviano. Vade retro Garcia !!!
quinta-feira, 16 de julho de 2009
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"O enigmático caso dos 2%" |
por Mario SantanaO Amazonas é, seguramente, um dos estados que menos desmata, dentre os que compõem a Amazônia Legal brasileira. Uma conjuntura de fatores e ações como a atuação extraordinariamente positiva do Pólo Industrial de Manaus, o difícil acesso à região, dificultando a ação destruidora de madeireiros, pecuaristas e sojeiros, e a instabilidade dos preços dos commodities (carne, soja), de uma certa maneira estão concorrendo para a preservação do bioma amazônico.
Deve-se ressaltar, porém, que a Zona Franca de Manaus, atual PIM, foi obra rara da ditadura militar dos anos 60, o acesso à região é obra da natureza e o preço dos commodities é determinado pelo comportamento do comercio mundial. Portanto, não há atuação peremptória de governante algum - pós-golpe militar - tanto no âmbito federal quanto no estadual, que tenha sido determinante para a salvaguarda da floresta amazônica. O certo é que, pelo seu próprio desenvolvimento econômico lançando borrifos de melhoria no desenvolvimento social do povo amazonense, a Zona Franca de Manaus nasceu para ficar. Essa pseudo luta que alguns políticos amazonenses alardeiam que promovem em favor da Instituição, é conversa de época de eleição. Pois quando o governo federal quer, a Zona Franca é penalizada.
Um episódio vem sempre à baila, quando o assunto é preservação ambiental. Os governantes de plantão continuamente ostentam que lograram preservar 98% da floresta no estado do Amazonas. Segundo o Inpe, em 1997 o Amazonas estaria com 1.452.860 km² de floresta original preservada, o que corresponderia a 98,09% e àquela época só perdia para o Amapá com 98,39%. Essa informação vem sendo repetida por cerca de 12 anos. Até os dias de hoje a versão do governo do estado do Amazonas continua a mesma. Permanecemos com, somente, 2% de floresta desmatada.
Dados do IBGE revelam que o Amazonas perdeu em torno de 7.573 km² somente entre 2000 e 2008. Nós que vivemos em Manaus, sabemos por intermédio da imprensa local e nacional, da devastação que vem acontecendo no sul do Amazonas. Humaitá, Lábrea, Manicoré e Apuí têm seus problemas com desmatamento, incêndios criminosos e disputas de terras.
Por que então, esse comportamento hipócrita tentando passar a informação de que o governo do estado e seus aliados na corte preocupam-se com a preservação do meio ambiente amazônico? Como eles podem defender a tese de desenvolvimento sustentável, usando de todos os meios lícitos ou não, para rasgar uma das partes mais preservadas desse bioma e colocá-la a mercê dos devastadores? Pois que ninguém se iluda, a pavimentação da BR-319 não é fruto de desejos desenvolvimentistas visando o bem-estar do povo, mas sim, de pretensões eleitoreiras, cupidez financeira, ignorância etnogeográfica e subserviência ao poder central.
Qualquer que seja o motivo dessa, como direi, bazófia oficial, o povo que os elegeu não merece ser tratado como idiota, levando-se em conta a importância da informação, que afeta diretamente e em uma instância superior, a preservação da vida em nosso planeta. Por que então não passar para o público o dado correto, sem manipulações irresponsáveis de quem deveria estar protegendo e não tentando destruir o nosso bioma?
Esse factóide dos 2%, ou é um caso para o Guiness Book, ou é um fenômeno matemático ou é uma deslavada mentira que capadócios da administração estadual pensam que estão induzindo a nós, os crédulos, a engolirmos o que já se tornou uma lenda urbana.
Pode também - pois estamos no país dos despachos secretos - ter sido aprovado em nosso estado a instituição dos ”2% Pétreos”, um dispositivo constitucional imutável, que não pode ser alterado nem mesmo através de emenda constitucional. Quem sabe? Muito menos eu!
quarta-feira, 15 de julho de 2009
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Crítica a uma filosofia(?) itinerante. Mas que filosofia?! |
em resposta ao blog Afinsophia.wordpress.com
Companheiro Marcos, como diria o outro lá ”que isso companheiro”? Por onde anda a Filosofia? Falo de Filosofia por não poder falar aqui de Jornalismo, pois mais uma vez insistes em dar "barrigadas". Pelo último artigo que li, não foi “hoje”, foi “ontem”, os depoentes não eram todos no mesmo dia, não é “23 de novembro”, é “setembro”. Não é “platéia”, é função parlamentar. Platéia somos nós que assistimos pela tv. Quem seriam os outros parlamentares? Porque não os cita? Eis a amargura do rancor, a má fé tendenciosa! Nem soubeste "chupar" um texto. Chupaste o texto da Agência Senado e nem a citaste. Tanto é função parlamentar, o cara tem que estar lá, é atividade dele, que outra função não teria razão de ser, afinal o grupo meliante é o outro, subalterno a outro chefe. Ou tu não sabes? Continuas a insistir numa linha que só expõe tua alienação e visão tosca tendenciosa. Aliás, teus dizeres só não estão comprometidos, como mal informados. Procura lembrar sobre ano passado neste mesmo período, e verás, caso largue as lentes da ma fé, quem é quem. Pesquisas em jornais e outras fontes, sobre a CPI baré, do mesmo tema, e terás tuas respostas. Assim não mais incorrerás na desinformação tendenciosa. Na má fé talvez, mas veremos. Enfim, com tanta barrigada tô quase preferindo assistir o Ronaldo-Jaca, ele ao menos come a bola, e não pisa na bola como o “jornalismo” de teu blog.
Há duas semanas te disse uma, não acreditaste! De lá pra cá soltaste mais duas. Erradas! Inverídicas! Comprometidas com o olhar cego! Alienadas no mesmo discurso do Zé Ninguém! De sujeito errante-construtor passaste a errante fadado a erros, e simples reprodutor de discurso alheio. Comprometido com a culpa de ter que agradar e ser visto reproduzes um discurso alienado de uma criança que clama pela atenção do papai. Papai tá rico cara. Papai veste terno de 7 mil reais. Já não é mais povo, há muuuito tempo. Não mais quer saber de ti, essa é a verdade! É triste ver que te tornaste um vetor-reprodutor da má fé, da cegueira social. Não há mais potência!
Ou perdestes a capacidade de filosofar, ou também andas recebendo dinheiro da PTbrás?! Ou pior, permaneces alienado no discurso do pai, sem capacidade de construir dizeres próprios. Dizeres desprendidos de rancor, ressentimento ou ainda, inveja! Como diria o velho Sartre, a melhor coisa que meu pai fez por mim foi ter morrido há 20 anos! Mata o teu, mata esse papai cara! Liberta-te! *
“Marcos” companheiros, resolve esse Édipo ou não viverão a filosofia, pois que esta é liberdade!
Até quando permanecer alienado nisso se o que tu re-clamas haver de um lado, há pior do outro? Ou tu não vês? Repito: é pior! Venderam uma moral e uma ética por mais de vinte anos, alienaram a subjetividade de um povo, e a práxis é outra! E tu na tua potencia filosófica(?) ainda assim não vês?! Que filosofia é essa companheiro?
Filosofia é a capacidade critica sobre a existência. Simples. Agora como não há crítica, o dizer está comprometido e alienado, não há filosofia!
Como praticar Filosofia a partir do rancor, do olhar alienado e do dizer reacionário? Sim! Reacionário sim! Pelo mesmo motivo com o qual tu acusas outros, pois te colocas claramente de um lado da moeda! Sem saber que moeda já não há!
Se a crítica de teu blog é alienada, a leitura é cega, rasteira e tendenciosa, e o dizer é reacionário, como haver filosofia assim?
Se não há jornalismo, nem filosofia, teu blog - ou vetor de comunicação, de afectos e perceptos, como gostam de vomitar alguns filhosteus – torna-se apenas um blog. Isto sim: apenas um blog, como tantos outros. Apenas um corta-papel, uma couve-flor, ... Não há mais nada de filosofia! Nada resta. Mais ainda, e se tuas informações são comprometidas, perdes a única coisa que resta a um blog: a credibilidade!
Por estes ares já não vôo mais.
Enfim companheiro Marcos, fraternos abraços cabocais,
* parágrafo corretamente lido somente a partir da Psicanálise.
terça-feira, 14 de julho de 2009
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14 de Julho: qual é a sua Bastilha? |
Dentre os capítulos das famosas Revoluções Burguesas certamente a Revolução Francesa merece destaque. Em 14 de julho de 1789 vivemos um marco divisor na história da cultura ocidental. Agora em 14 de julho de 2009 vivemos a reprodução de um Estado moralmente falido. Trezentos anos depois, a ALE-AM nos deu mostras que Igualdade, Liberdade e Fraternidade não compõem o dicionário do atual governo estadual.
Em sessão daquelas que, infelizmente, tem-se tornado comuns no parlamento amazonense, aprovou-se tudo. Ao melhor estilo rolo compressor foram aprovadas mensagens governamentais, empréstimos, LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) que permite à ALE-AM gastar indefinidamente no próximo ano (aliás, não menos que 3,8% da receita do Estado), contas do Governo (sim! o mesmo governo que ainda paga a um secretário envolvido com desvios de verba nas Obras do Alto Solimões salários na ordem de 15 mil reais como se nada de podre houvesse neste reino) permissão de viagem ao Governador, sabe-se lá a que custas - só questionada por Arthur Bisneto e devidamente rechaçada pelo presidente Belarmino Lins, com certo desconforto.
“Os deputados que concordam permaneçam como se encontram”. “Aprovado”! Como fazer do parlamento algo democrático se 20 deputados compõe a base do Governo? Liberman Moreno, Arthur Bisneto, Luiz Castro e Ângelus Figueira, travam infrutíferas batalhas contra o rolo compressor Braguiano. As mudanças esperadas com a eleição de Amazonino à Prefeitura de Manaus não se deram na prática de plenário. A base do PP, mais algumas dissidências não engrossaram a oposição na hora do voto. A ALE-AM continua um quintal, um playground do Governo estadual. Como fazer oposição em vinte contra quatro?O que sabemos é que em 1789 movidos pelo desejo de mudança contra um regime opressor, camponeses se uniram contra a fome e contra os privilégios de uma classe parasitária. O Antigo Regime sofrera seu pior golpe. A Bastilha, simbólicamente tida como ícone da opressão popular, surge como um marco histórico. Sua tomada, para além do romancismo dos livros de história, deu-se por ser lá o maior armazém de pólvora em Paris. Ao precisar se defenderem das tropas reais que avançavam de Versalhes à Paris, a mando de Luís XVI, o exército do povo precisava da pólvora como munição para o recém armamento conquistado - a partir de saques. Vinte mil mosquetes precisavam de pólvora. O calor e a fúria revolucionárias já as tinham, faltava a pólvora. "Tomar a Bastilha" significa luta, significa ação social, ação coletiva, e sobretudo iniciativa na derrubada de um regime explorador.
Sabe-se o que ocorreu durante a Revolução. Movidos por ideais comuns foi criada a Assembléia Constituínte, onde, dentre outros ganhos sociais, fôra questionado o também pagamento de tributos do clero e da nobreza. Não só ao povo seria debitada a conta! Da Assembléia Constituínte surgiram os pilares da Democracia Moderna. E hoje, esta democracia é posta em xeque, ou cheque!
Um governo em que não há Democracia, é um governo perigoso! Uma Democracia em que o povo passa alheio às decisões não é Democracia. Toda tirania um dia tem o desdobrameto que a história já nos mostrou. Não se pode mais viver em um Estado Monocrático de Direito em que um Presidente desqualifica seu Congresso e um Governador subjuga os representantes do povo. Isso não é Democracia! O momento pede no mínimo crítica, quiça ação!
Qual é a sua Bastilha?
Abraços,
D.
sábado, 11 de julho de 2009
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Assembléia Legislativa do Amazonas mostra sua cara |
Notadamente conhecida pelo seu desserviço ao povo do Amazonas e chamada de quintal do governador, a ALE-AM desta vez se superou. Na última quarta-feira "brincou" ao fazer tramitar em Plenário, e depois ceder à Imprensa, um requerimento que indicava o Deputado Liberman Moreno para Secretaria dos Povos Indígenas, recém criada.
Como se não fosse o bastante nada fazer - esta legislatura, ao que pese ter construído uma sede nova, é de longe conhecida pela quantidade de festejos que faz: Sessões Especiais, Audiências Públicas em horário regimental, sendo que muitas não são públicas de fato, Coquetéis, Cerimoniais, etc. - agora os nobres deputados optaram pelo ridículo. Circulou a partir da Mesa Diretora um requerimento - oficial, em papel timbrado e carimbo da Mesa - que indicaria o Deputado Liberman a ser Secretário dos Povos Indígenas.
Documento assinado pelo próprio Presidente Belarmino Lins, e com mais sete outros membros da Mesa Diretora, ou seja, oito de dez membros, foi fácil fazer com que outros deputados subscrevessem tal "indicação". A "oficialidade" do requerimento na verdade se tratava de pasmem! uma "brincadeira" com Liberman Moreno. Este, na semana anterior tinha pregado um peça, diga-se de passagem outra brincadeira, com Belarmino (vulgo Belão) quando o mesmo presidia Sessão que aprovaria Projeto de Lei criando a Secretaria dos Povos Indígenas.Tudo começou quando, ao seu melhor estilo ironico-debochado, tal Presidente, de forma a tirar sarro com os deputados, sugeriu aos oradores que fossem usar a tribuna que o fizessem de "cocar" na cabeça. Porém, Belão não contava com a astúcia de Liberman, que de bete-pronto inverteu o discurso ao dizer que tal exemplo deveria partir da Presidência dos trabalhos, ou seja, do próprio Belão. Xeque-mate! Plenário em peso apoiou a recomendação de Liberman. Provando do próprio veneno, Belão muito a contra gosto, servindo de chacota pra todo o Plenário, e certamente pra todos os funcionários da Casa que assistiam a Sessão pelo Canal ALE, pôs-se a presidir a Sessão de cocar na cabeça (foto). Seguranças, Assessores, Deputados, Jornalistas, todos, literalmente todos lavaram a alma nesse episódio. A coisa foi tão ridícula que mesmo a comunidade indígena não conteve os risos.
Este fato da semana anterior, decerto "indica" de onde partiu a "brincadeira" desta quarta-feira. Não é preciso nem fazer muito esforço pra pensar.
Agora o que se sucede é o seguinte: brincadeira com Liberman ou com o povo do estado? Brincadeira com Liberman ou com o contribuínte que paga os altos custos de manter àquela Casa "funcionando"? Brincadeira com o Liberman ou com a população de Coari que viu a CPI instaurada na própria ALE-AM "dar em nada" - como antecipara seu próprio relator à época?
Ora, que brincadeira é essa? Só pode ser uma brincadeira mesmo! Desrespeito total para com os povos indígenas, esta legislatura parece não ter noção dos limites do ridículo.
É chegada a hora de vivenciarmos de fato uma Democracia Representativa. Imaginem se a população se desse conta que cada deputado que lá está, está para lhe representar?! Imaginem se o Seu Chico, a Dona Maria, o Francisco, o João, o José e tantos outros ADOTASSEM um deputado para cobrá-lo de perto? para vigiá-lo em seu mandato?! O que seria?
Aliás, acho engraçadíssimo quando um nobre parlamentar enche a boca pra falar "meu mandato", como se este lhe pertencesse e não ao povo. Ou quando surgem com a pérola "eu me elegi" ou "vou me eleger". Como é possivel isso?! Ninguém se auto elege! A nada. Quem elege é sempre o discurso do outro, pra falar em termos psicanalíticos, e em política eleitoral quem elege é o povo, pra ser bem claro.
A partir desse ridículo e dessa "brincadeira" seria interessante se o povo brincasse também. Brincasse por exemplo da brincadeira de patrão e empregado. Como?
Ora, o Poder Legislativo não sobrevive a partir de cotas repassadas pelo Executivo? E essas cotas não são os tributos da população?! Assim, por extensão temos que na verdade Eles são empregados do Povo! Certo? Agora pergunto a você, voooocê aí mesmo: o que você faria se sua cozinheira brincasse de deixar o registro da botija de gás aberto? o que você faria se seu motorista brincasse de bater o seu carro? se sua secretária brincasse de perder documentos ou de esquecer de não o avisar de suas reuniões? ou se a babá de seu filho brincasse de o esquecer na banheira cheia dágua?! Interessante né?! O que você faria?
Abraços,
D.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
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Fernando Henrique e Sarney: algumas diferenças |
Semana produtiva! Mesmo que o Brasil insista em se esvair em escândalos precisamos produzir, afinal, navegar é preciso, já diria o poeta. Estivemos esta semana em Brasília para, dentre trabalhos internos e rotineiros, representar o Instituto em reunião de Planejamento Estratégico, e por conta também de Sessão solene no Senado em razão da comemoração dos 15 anos do Plano Real.
No Congresso, deixando de lado assuntos que são de domínio público, chamou-me atenção duas imagens emblemáticas de terça e quarta feiras à tarde.
Na terça, não resisti e iniciei minha carreira de paparazzi ao filmar de dentro do plenário [Senado] o pronunciamento do Presidente Fernando Henrique (ver barra de vídeo - coluna lateral do blog). Ato deliberadamente proibido, tive que filmar ao melhor estilo “câmera escondida”. Situação inusitada, afinal, não é todo dia que temos um ex-presidente [respeitado] discursando na tribuna do Senado. Não me contive nesse registro histórico! Mais inusitado, e aí é que quero comentar, foi ao final de seu pronunciamento, já nos corredores, o assédio sofrido por FHC. Coisa de louco! Não tinha visto nada parecido. Disputa que por um breve momento me fez duvidar dos postulados da física moderna - vários corpos ocupando o mesmo espaço. Perdi a conta de quantos jornalistas pressionavam sua excelência contra paredes e entre eles mesmos. Por um breve momento, realmente pensei que a teoria Newtoniana seria desbancada, tamanho o aglomerado de seres ocupando o mesmo espaço.
Sem ter como parar para entrevistas, parar ali seria um turbilhão maior ainda, FHC caminhou lentamente entre os jornalistas até o momento de mais sossego, na escada caracol (foto), quando enfim conseguiu respirar.
O outro momento, em contraponto a este de terça, deu-se na tarde de quarta. Antes do início da Sessão, ao chegar no Senado, o atual presidente do Congresso, Senador Sarney, mostrou em simples ato o quanto está sendo difícil manter sua biografia de pé. Ao sair do elevador que fica entre o Plenário e o acesso a sua sala, sala da Presidência na verdade, os seguranças trataram de fazer o famoso cordão de isolamento para conter os jornalistas e assegurar passagem livre a sua excelência. Cordão de isolamento feito, Sarney teve acesso "tranquilo" (se é que algo está tranquilo ali) à sala da Presidência - sem, diga-se de passagem nem ao menos acenar para jornalistas e transeuntes que divagavam naquele ambiente.
Contraste efetivo! Digno de registro. Um mal pode caminhar entre mortais, e outro, imortal que é, precisa de cordão de isolamento - mesmo que isolamento seja seu fim. Triste fim...
Abraços,
D.
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15 anos de um novo Brasil |
Nesta útima terça-feira (7 julho) no Plenário do Senado Federal prestou-se homenagem aos 15 anos do Plano Real. Propositura de Arthur Virgílio e do deputado federal José Aníbal, a sessão solene contou com a presença ilustre dos economistas Wiston Fritsch, Edmar Bacha e Gustavo Franco, do ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, Ministro Eduardo Jorge Caldas, Ministro José Jorge de Vasconcelos Lima, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de tantas outras figuras do cenário político brasileiro.
Presidida pelo então - ainda - presidente do Congresso, o Senador Sarney, a curiosidade da Sessão foi a composição da mesa, colocando lado a lado Arthur Virgílio, Sarney e Fernando Henrique Cardoso, mostrando um breve momento de trégua no Congresso e de maturidade das instituições brasileiras.
Guardados os confetes pelo festejo, temos como certo que o Plano Real é história brasileira. Existem vários Brasis e certamente um deles fez-se após o Plano Real. O que hoje temos como realidade econômica e social só é possível pela reorganizaçào do Estado Brasileiro iniciada na década de 90. Moeda forte, equilibrio econômico, derrubada da inflação, estabilidade social, etc. são muitos os legados do Plano. Decerto a estabilidade e relativo conforto financeiro que o Brasil passa hoje não seriam possíveis sem o legado do Plano Real. Eis que a história se faz presente!
Abraços,
D.
domingo, 5 de julho de 2009
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Lula empareda PT e cria constrangimentos |
Enquanto a bancada do PT (antigo partido dos Trabalhadores) manifesta publicamente posição favorável ao afastamento de Sarney da presidência do Congresso, o presidente Lula após voltar de viagem, enquadra todo mundo - a dizer, seus subordinados - e manda apoiar Sarney.
Numa intervenção que não é só intra-partidária mas, principalmente nos Poderes constituídos da Democracia, o presidente Luiz Inácio amigo-da-onça Lula da Silva, expôs a constrangimentos nomes importantes da política brasileira. Visivelmente constrangido, nesta sexta-feira o senador Aloízio Mercadante em entrevista coletiva à mídia televisiva tentava argumentar a [nova] mudança de postura do PT quanto ao caso Sarney, após a incisiva interferência de Lula: "governabilidade", eis a palavra mercadantesca.
Ser líder de um desgoverno é, imagino, tarefa pra poucos. Na noite de terça-feira o PT se reuniu e deliberou pelo afastamento: um mês de afastamento à Sarney. Eis que na quarta-feira o PT assumiu publicamente posição favorável ao afastamento de Sarney. Mas na mesma quarta-feira o mesmo PT desmentiu tal posicionamento. Em um curto período de tempo, por volta das 14 às 16 horas de quarta, o PT foi à imprensa e mudou o discurso umas três vezes. Ora era à favor do afastamento, ora contra.
O que não sabiam os senadores do PT era que ainda na terça, Sarney falara com o Presidente Lula. Criticara a posição do PT e obtivera como resposta um "fica tranquilo companheiro". Para Lula, o amigo-da-onça, os senadores do PT estavam sendo, aliás, seriam, "amadores". Tudo seria resolvido quando ele voltasse da Líbia, e depois é claro do jogo do Curinthian.
O fato é que Mercadante estava irreconhecível em entrevista coletiva nesta sexta-feira, constrangido era adjetivo pequeno.
Neste domingo, em edição de Veja, ainda sobre essa torre de Babel, outro petista, o senador Tião Viana, não se conteve ao criticar seu presidente: "... ele deixa uma grande frustração no que se pensava ser uma de suas maiores habilidades: a política partidária. Lula nada fez para evitar a desconstrução e a perda de autoridade moral do Congresso... é papel do chefe de estado fazer com que as instituições como o Parlamento sejam vigorosas". Tião Viana, do PT, foi Presidente do Senado após o afastamento de Renan Calheiros, e foi também adversário de Sarney na última eleição à Presidência do Congresso Federal - não obtendo o apoio de Lula, seu Presidente.
Do modo como as coisas se apresentam, e levando em conta a história recente deste atual governo, esta é uma crise da qual não temos a mínima idéia de como acabará. Sustentada em um partido fisiologista, tal qual o PMDB, e pseudo-governada por um partido de fachada - que na verdade já nem existe mais, o PT, é certo que a Democracia brasileira passa por um momento diferente, pois é fácil afirmar que nunca na história desse país houve tanto desgoverno com cara de governo.
Abraços,
D.
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"Bandidos não mandam flores" |
Abri mão da verba indenizatória. Tinha direito a mais de um telefone celular e fiquei apenas com o meu. Dispenso carro oficial. Devolvi o dinheiro das horas extras pagas no recesso aos funcionários de meu gabinete. Fui o primeiro a dizer que o presidente do Senado, José Sarney, não precisa sobreviver à atual crise, mas a instituição sim, porque é fundamental à Democracia brasileira.
Isso tudo fere interesses. Agir assim, de peito aberto, atraiu a ira de bandidos, acostumados a lidar com a coisa pública como extensão de suas vidas privadas.
Montaram uma máquina contra mim. É um tal de conversar enquanto falo e uma explícita tentativa de esvaziar de apartes os meus discursos.
Comigo isso não funciona. Continuo dizendo tudo o que precisa ser dito. Obriguei senador a me apartear. Fiz até que o plenário do Senado funcionasse numa segunda-feira, com o presidente Sarney presidindo, pela primeira vez em toda longa história dele no parlamento.
Golias não calou Davi.
Sexta-feira fui à tribuna novamente. Cumpri o dever de, diante do escândalo da mansão não-declarada de Sarney - mais um escândalo! -, mostrar que, em se agarrando ao cargo, ele só agrava ainda mais a crise.
O líder do PT, senador Aloísio Mercadante, fez discurso generoso para comigo. Grande parte da bancada do PT o aparteou, solidarizando-se contra a campanha de maledicências com que me atacam. Um deles até disse que tem funcionário fazendo especialização no exterior, como tive, mas ninguém notou, justamente porque o objetivo é atacar aquele que ousou defender com bravura a instituição. A rigidez moral deste Senador, no entanto, me leva a vender patrimônio e devolver à Casa tudo o que foi gasto durante o período de estudos de meu funcionário. Não segurarão meu pulso por aí.
E atacaram minha mãe.
Tenho imensa dor pela perda dela. Sofro, quando recordo. O tratamento médico contra o Alzheimer que o Senado pagou para ela, porém, se deveu à dependência de meu pai, o Senador Arthur Virgílio Filho. Todas as contas foram auditadas, conferidas e respaldadas. Nada a ver com meu mandato.
Meus 30 anos de vida pública não estão à disposição de dois ou três meliantes. A mim, eles não intimidam. Podem intimidar segundos, terceiros ou quartos. Eu não! Eu tenho nas veias, biológicas e culturais, o sangue de Ajuricaba.
Estou na luta para que o presidente Sarney deixe a Presidência do Senado. Não é possível que um poder dessa importância suporte o comando de um homem que precisa se explicar diariamente e tenha confronto cotidiano com o aparentemente inesgotável arsenal de percalços inexplicáveis que envolvem sua vida pública.
Estou reconfortado pelas ruas. Quinta, em um restaurante de Brasília, quase não consigo jantar, diante de tantas pessoas que me cumprimentaram. Em Manaus, sexta, foi a mesma coisa.
O povo entende minha luta. Mas bandidos não mandam flores. Nem eu, para eles.
Arthur Virgílio Neto.
sábado, 4 de julho de 2009
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"Chega de leseira! Ferrovias Já!" |
Na segunda metade do século XIX, a América do Norte, sentindo a necessidade de expandir racionalmente o seu desenvolvimento socioeconômico por todo o país, iniciou a construção daquela que foi, indubitavelmente, uma das obras mais importantes no que se refere à unidade nacional: a ferrovia Union Pacific. Seguramente é do conhecimento de todos, o papel que essa ferrovia exerceu na integração e modernização daquela nação. Não mais que cinco anos bastaram para que os norte americanos (com o apoio maciço de trabalhadores chineses) construíssem, em plena guerra da Secessão, mais de 5 mil km de ferrovias unindo a Costa Leste à Costa Oeste dos EEUU. Isto tudo, transpondo obstáculos como pântanos, desertos, subindo e/ou atravessando montanhas, enfrentando nevascas, etc.
Este exórdio faz-se necessário, para demonstrar que não existem dificuldades construtivas em implantar ferrovias no Amazonas, já que há mais de 140 anos, sem a tecnologia que existe hoje, os nossos irmãos do norte uniram o Leste ao Oeste dos EEUU através de ferrovia. Hoje a Union Pacific oferece serviço competitivo de transporte à longa distância e diversificado, que inclui produtos agrícolas, automotivos, químicos, energéticos, industriais e um serviço intermodal integrado com a rodovia e a navegação fluvial e lacustre.
Agora os fatos. Acredito que, todos os amazonenses natos ou aqueles que aqui estão radicados, desejam o desenvolvimento desta região. Tomo isto como um axioma. Sabemos que um ponto básico no desenvolvimento, é diminuir distâncias e custos de transporte, que oneram consideravelmente os produtos do PIM, até chegarem ao mercado consumidor. É necessário, portanto, criar vias de transporte para suprir essa deficiência, certo ? Mas, por que só se pensa em rodovia?
O Amazonas tem que ser pensado de uma maneira insólita, visto que é um mundo praticamente desconhecido e único no planeta. Como não pensar em proteger a biodiversidade da região? Como não pensar em proteger todo um bioma que ainda não foi detectado no seio da floresta? Como não pensar em proteger ¨o povo da floresta¨? Como não pensar no desmatamento, na desertificação, na poluição do ar, dos rios e lagos? Como não pensar no futuro do planeta? Esse é um problema de todos nós, jovens, adultos e idosos, que estamos prestes a legar ao futuro, um planeta condenado à morte.
Um mínimo de raciocínio nos levará a debater com seriedade, com ética e com honestidade de propósitos sobre o modal de transporte que menos venha a atingir a integridade da floresta amazônica. Não me venham acenar com a grossa mentira de que as Zonas de Proteção irão impedir a devastação do meio ambiente. A BR-163, Cuiabá-Santarém, está aí para demonstrar a ineficácia dessas Zonas de Preservação Ambiental. No entorno da rodovia, somente na Floresta Nacional do Jamanxim, foram dizimados em três anos, cerca de nove mil e duzentos hectares de floresta virgem em razão de estradas clandestinas, retirada ilegal de madeira e incêndios. Cadê a proteção?
Por que ferrovias? Existe uma literatura infindável nos meios científicos, defendendo esse modal de transporte, cujo argumento mais incisivo é, acredito eu, o que menos violenta o meio ambiente. Outros argumentos, como a necessidade de proteção constante por toda a extensão das rodovias, o alto índice pluviométrico da região que acabará com o capeamento asfáltico a cada seis meses (como conseguir verbas para a recuperação?), a poluição oriunda do número de carros e caminhões que por ali trafegarem, etc., também são importantes no contexto que aponta para a reprovação do modal rodoviário na floresta amazônica.
Já está se esgotando o prazo para as sociedades civis constituídas, universidades- corpo discente e docente, os políticos, os sindicatos, a imprensa não comprometida, as igrejas, organizações não governamentais, os formadores de opinião, entre outros que atuam em nosso estado, formarem uma cadeia de ações impactantes no sentido de colocar o modal ferroviário no cerne da discussão para a escolha do melhor meio de transporte a ser usado no coração da maior biodiversidade tropical do planeta. Chega de leseira!
Mario Santana
sexta-feira, 3 de julho de 2009
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Renúncia de Sarney é golpe |
A crise do Senado parece não ter fim. Um emaranhado de relações escusas, denúncias de todo tipo, quadrilhas montadas com direito até a bunker, enfim, como diria Pepeu Gomes "todo dia é dia de índio", todo dia é um fato novo. E nesta quinta-feira surgiu uma nova acusação contra o senador-presidente José Sarney: teria Sarney escondido de sua declaração de bens à Justiça Eleitoral, nos últimos 12 anos, uma casa de 4 milhões de reais. Um verdadeiro casebre localizado na Península dos Ministros - área mais nobre do Lago Sul - às margens do Lago Paranoá.
Comprada de um banqueiro, o famoso contrato de gaveta foi a forma utilizada para dar um contorno à transação. Porém, após dez anos da compra, agora em 2007 Sarney resolveu a titularidade do imóvel, mas ainda assim não o declarou à Justiça Eleitoral. Especialistas em Direito Eleitoral dão o fato como "fraude". Uma atitude de "omissão de bens", por parte do senador-presidente.
Que a situação de Sarney é insustentável, já é sabido por todos, decerto ele não termina o mandato de Presidente do Congresso. Agora que essa crise está longe de mostrar a verdade das coisas, aí sim, eis a questão. Nem a sua verdadeira cara, nem a forma e desfecho são certezas. Lula, após - mais uma - viagem, volta ao território tupininquim, e depois dos festejos pela vitória do Curinthian, imagina-se que dê o seu pitaco. Isso é claro após limpar as lambanças feitas pela sua base de governo - diga-se de passagem o PT.
Duas coisas são bem possíveis. Se tivermos como certa a saída de Sarney, e eu a tenho, ou isso dar-se-á por meio de afastamento ou renúncia. O pobrema é que em sendo a primeira, a Presidência cairá nos cólos da oposição. Necessariamente do Senador Marconi Perillo. Daí que a renúncia seria o "golpe" do governo para impedir tal vitória da oposição.
Lula que, apesar de ser, a meu ver, um verdadeiro monstro político - não é de hoje que falo isso - é notadamente amigo-da-onça e estritamente rancoroso, mais até que um câncer. Se voltarmos ao ano de 2005, do episódio ainda não explicado do Mensalão, veremos a atuação que teve Perillo ao denunciar a ciência de Lula sobre a questão. Lula, o rancoroso, não esqueceu, disto não esqueceu. Fará de tudo para impedir que Perillo, assuma a Presidência do Congresso.
Como a situação de Sarney é insustentàvel, o então amigo-da-onça, agora tem seu maior amigo na figura do próprio Sarney: "Sarney companheiro, aguenta aí, esse rojão é contigo". Lula precisa que Sarney fique, quer seja por "governabilidade", como disse Mercadante, quer seja por alianças com o PMDB. Já o PT, decidiu pelo "afastamento temporário" de Sarney. Sarney quer ficar, mas sua permanência é insustentável - conforme DEM, PSDB, PDT, PSOL. Dessas quatro variantes possíveis teremos o discurso final.
Enfim, certo mesmo é sabermos que Sarney é macaco velho, passado na casca do alho já há muito tempo. Decerto, conhecedor da história que é, não se permitirá cometer os mesmos erros que Renan cometera no passado: situação semelhante, pressão cada vez mais crescente, Renan tentou lutar contra a o fluxo da história. Caiu! Sarney é mais sábio, mais matuto, não cavará esse calvário. Poderá sim, sair de mansinho, sair do olho do furacão e armar a arapuca pra outros. A frigideira está esquentando, não se enganem!
Abraços,
D.
terça-feira, 30 de junho de 2009
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Notas sobre a política baré: Omar/Alfredo/Serafim |
Há quinze meses das Eleições 2010, hoje falo acerca dos nomes de Omar/Alfredo/Serafim. Estas parcas notas surgem como um simples desdobramento de conversa que tive pela manhã no trabalho com um funcionário da segurança. Ao que pese não ser ele nenhum analista político, é figura do povo, e como todo conhecimento emana do sócius, chamou-me àtenção uma inesperada observação feita por ele.
Entre idas e vindas nos corredores de uma Casa que se convencionou por cerimônias, o que de fato é hoje a Assembléia Legislativa do Amazonas, dialogava com o segurança sobre o cenário do próximo pleito. Pensávamos juntos na possibilidade do arranca-rabo entre Omar e Alfredo como candidatos, visto que os dois são base do mesmo governo. Defendia eu, a plena possibilidade de termos os dois como candidatos sim, e o amigo segurança já achava isso difícil, visto que Edurado, influenciado por Lula, teria que optar por apenas um deles - à princípio o sinistro da soja e dos transportes, Alfredo Nascimento. Afirmava ainda o segurança, sua descrença na candidatura de Omar, eterno vice e notadamente fadado a fracassos eleitorais, mesmo quando empurrado goela abaixo da população. Porém, mal sabe ele, o segurança, que o narcisismo embrutece o ser e cega a razão, não sendo portanto, o eterno fracasso nem o embrutecimento de afectos suficientes para uma não-candidatura de Omar.
Lembrei-o ainda, que Omar será governador tão logo Eduardo se desemcompatibilize do cargo para a disputa do Senado. E isto, o poder da caneta e do orçamento em mãos, somado ao seu caráter extremamente egocêntrico pode lhe dar a sensação de ter asas maiores que as da realidade.
Enfim, em certo tempo concordávamos os dois sobre as duas possibilidades, até mesmo porque o jogo ainda está sendo jogado, os dados estão rolando. Agora, o que me trouxe surpresa foi quando desenhei um cenário entre Omar, Alfredo e... Serafim, na disputa a governo do estado. O segurança pulou e disse: "nããão, o Serafim vem pra Deputado Estadual!". Onde teria o amigo ouvido isso?! Perguntei-me. Já disse acima que não se trata de nenhum analista político, mas, achei-me na obrigação de um desdobramento desse dizer enquanto enunciado social. Então vejamos.
É sabido de todos a rejeição eleitoral com que Serafim disputou as últimas eleições. Fruto dentre outras coisas, do secretariado que ele próprio montou, da modus estritamente tecnocrático de lidar com política de massa, de estar cercado de incompetentes, etc. Mas também é sabido que durante o processo eleitoral essa rejeição diminuiu. Diminuindo muito ou pouco - não entrarei aqui neste debate, mesmo que já tenha firmado posição sobre isso - o fato é que numa disputa entre quatro candidatos, perdoem-me Navarro e Bessa, Serafim chegou em segundo lugar. Naquela conjuntura obteve x votos. Com esse número absoluto de votos, Serafim seria candidatíssimo a Deputado Federal, ao Senado, e lógico, a Governador. O que teria então feito o amigo segurança, figura do povo, pensar em Deputado Estadual? Das duas uma (ou as duas): ou o segurança não é nenhum pouco simpatizante de Serafim ou esse número não representa necessariamente, e nem de longe, a densidade eleitoral de Serafim Corrêa.
Lembro que ano passado, minutos após a apuração de segundo turno que decretou Amazonino como "novo" prefeito de Manaus, conversava justamente sobre isso com dois políticos (de mandato) do cenário político amazonense. Causou-me enorme espanto a ingenuidade explícita de ambos, ao defenderem que Serafim saía "fortalecido da eleição", afinal ele "saíra com x% de votos da capital, algo em torno de x mil eleitores como densidade eleitoral". Obviamente os meus caros amigos, por serem figuras de dentro do jogo, tinham uma visão comprometida e estavam enganados. O conceito de densidade eleitoral por eles aplicado era tal qual o que aplicaria um economista, formado na secura dos números.
O aporte filosófico do que vem a anunciar um numenum não é da ordem das ciências exatas, não se dá a apreender no plano ôntico. Numenum na verdade é algo que em-si não existe. Não existe na natureza. É sim um signo lingüístico, criado pelo ser da linguagem - a saber, o Homem - na tentativa de apreender um real fugidio. Ou seja, o número é nada mais, nada menos que, a expressão de uma subjetividade, não tendo por extensão, valor absoluto. Ora, meus caros amigos políticos, e tantos outros de dentro do campo de jogo, esquecem-se de analisar o conceito de subjetividade e por isso, não só, mas também, dificilmente encontraremos políticos que transcendam o plano ôntico das coisas. Aliás, no nível da política de hoje em dia isso é praticamente impossível. Mas aí, há de se dar um desconto, seria demais também, se todos os políticos tivessem este saber, eu perderia mercado de trabalho.
O fato é que, pasmem, "eleição" não se dá em números, estes já disse acima, não existem, são apenas expressão de algo d'outra ordem, e "densidade eleitoral" não é possivel ser medida em pleito de segundo turno. Este, desde o mecanismo da reeleição é, necessariamente, um plebiscito. D'outra sorte, e ainda mais importante é o fato de que as duas últimas eleições municipais, 2004 e 2008, foram o que chamo de "eleições conjecturais". Ou seja, quem ganhou a eleição de 2004, não foi o Serafim, os votos não foram dele. Mas sim de uma vontade de ruptura quem movia o inconsciente popular. E, por incrivel que pareça, o mesmo se deu na eleição de 2008 - eis uma grande proeza de Serafim. Não foi Amazonino quem venceu. A eleição de 2008 não teve vencedores! E nem poderia tê-los.
Sempre disse que essas duas eleições foram na verdade uma só, dividida em dois momentos. Infelizmente o azar foi de Manaus que não viu surgir nesse meio termo nenhuma nova liderança. Alias, parece-me esta uma boa temática para análises futuras: como surgir nova liderança em uma política velhaca e viciada? Difícil. Agora o mais incrivel é como os políticos não enxergam o vazio simbólico por que passa o imaginário popular, ninguém se habilita, é um marasmo só!
Voltando à densidade eleitoral, como neguei a importância dos dois últimos pleitos municipais de segundo turno, para melhor dialogar com o amigo segurança, seria coerente uma média das últimas três eleições em primeiro turno que Serafim disputou, sobretudo a de 2000, que a meu ver foi a mais diluída em discurso eleitoral - salvaguardado o fato de que naquela eleição ainda estava na disputa um Gilberto Mestrinho, que deixou orfãos eleitores hoje possuidores de um novo arranjo mental. Porém, reconheço que o mais correto após passado o momento eleitoral 2008, seria a utilização de pesquisa eleitoral. Pesquisa mista para ser mais exato. Qualitativa e quantitativa, sobre o "candidato" Serafim Corrêa. O problema é que para tal certeza estatística teríamos trabalho em encontrar um instituto de pesquisa sério, o que sabemos não existir em Manaus.
Enfim, em 2010, ao que tudo indica, será o primeiro pleito a não conter as figuras de, outrora monstros populistas do estado, Gilberto e Amazonino. Será decerto, um avanço para a democracia moderna. O imaginário popular certamente estará em busca de novos referenciais, e a certo modo orfão daquele tipo peculiar de liderança, exercida por aqueles velhos senhores. Uma boa análise antropológica da cultura provinciana baré deixará claro que este é um momento ímpar, e quem detiver esse entendimento e um bom conjunto de técnicas em Marketing 2.0, não tenho a menor dúvida em afirmar que sairá na frente.
Desdobro análise sobre "a cultura político-eleitoral amazonense a partir da figura do pai" em outro momento.
Abraços,
D.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
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Deputado Wallace rompe silêncio com imagens e simulacros |
Em qualquer manual de Teoria da Comunicação encontramos as formas possíveis de transmitirmos uma mensagem. Linguagem Fática, Emotiva, Racional, Apelativa, e tantas outras funções, compõem um vasto leque de variações e possibilidades de comunicação entre emissor e receptor. De todas estas, certamente a que requer menor grau de entedimento, é a Emotiva. Epistemológicamente é a mais acessível, qualquer quadrúpede tem condições de interpretá-la. Alguns, mais engenhosos, dizem que até mesmo legumes e vegetais as usam.
A complexidade de uma ervilha, sabemos, já fora bem estudada por Gregor Mendel. Já os tomateiros, por exemplo (sim! tomateiros, vulgo pé de tomate), ao serem atacados por um inseto se comunicam pelo odor. O primeiro tomateiro atacado lança um sinal químico aos outros tomateiros vizinhos como forma de aviso. Agora vejamos, usar linguagem tão superficial (emotiva-apelativa) para contestar acusações tão contundentes é certamente algo que só acontece no politicário tupiniquim.
Na tarde de ontem o Deputado Estadual [do Amazonas] Wallace Souza subiu à tribuna da Assembléia para se pronunciar sobre as acusações que lhes são atribuídas pelo MPE sobre seu suposto envolvimento com tráfico de drogas, tráfico de armas, formação de quadrilha, corrupção de menores, coação de testemunha, improbidade administrativa, etc. Enfim, após alguns meses de silêncio, eis que o deputado falaria à sociedade. E falaria em ocasião ímpar. Naquela Sessão Odinária seria votado parecer da CCJ sobre a admissibilidade, ou não, de instauração processual em Comissão de Ética para ser apurada possível quebra de decoro parlamentar, tendo em vista tantas as acusações.
Especulações à mil e cenário armado - cogitava-se até mesmo uma possível renúncia - o que se viu foi um ataque às faculdades mentais do povo amazonense em um claro exemplo do nível de discussão a que chegou nosso parlamento: marasmo, paralisia, letargia, cinismo e demagogia.
Da tribuna do povo o Orador orou! Apenas orou. Clamou pelo nome de Deus tantas vezes que o Próprio deve ter se sentido incomodado.
Quando enfim, anunciou fatos, caiu no vazio. Num ato de desespero, imagino, apresentou um vídeo que mostrava de forma totalmente ilegível duas cenas recortadas que podem ser um monte de coisas. Uma imagem que pode ser tudo e coisa alguma ao mesmo tempo. Sabemos porém, e o deputado talvez também saiba - mesmo que por meios diferentes dos nossos - afinal trabalha com programa televisivo, que no tipo de sociedade em que vivemos o apelo especular seduz. As pessoas têm preguiça mental, foram criadas como retardadas à frente de uma televisão - e agora do monitor de seu computador, iPhones ou outras parafernálias do tipo.
A verdade é que numa sociedade do espetáculo o poder da imagem, cria espectros de falseamento do real de forma a seduzir mais que as palavras. Não é à toa que os filmes de hoje em dia são rodados a uma velocidade inebriante. A televisão, os comerciais, até mesmo a música - e os sambas-enredo do carnaval carioca são um bom exemplo - tudo, tudo é feito a partir de uma velocidade letargiante. É proibido pensar, a imagem pensa por nós.
Já há algum tempo aliás, acredito que quando não se tem o que dizer usa-se imagens. Essa é a fórmula! típica e manjadinha. Fórmula mágica inclusive com a qual nossos professores-doutores em seus seminários e projeções em powerpoint insistem em querer enganar. Na mediocridade em que se tornou o ensino, com uma prática defasada, uma rodada de seminários ou uma apresentação cheia de recursos tecnológico-letargiantes até que cai bem pra passar o tempo, ou dar um ar de superioridade ao professor-doutor. Confesso, quando vejo professores, ou apresentações de qualquer ordem, se utilizarem da imagem em vez de palavras, desconfio logo de seu conteúdo, pois repito, "quando não se tem o que dizer usa-se imagens". Viu-se isso ontem na Assembléia.
Voltando à Sessão Ordinária. Passado o episódio do vídeo, o discurso do deputado usou outra imagem, não especular, mas arquetípica. A de coitado, de homem sofrido. Aí sim, num claro apelo emotivo como função lingüística. Por três ou quatro momentos vimos cenas de choro, um choro sem lágrimas.
O recurso do simulacro ontem alcançou seu ápice. Este caso aliás, tem-se mostrado como um ótimo estudo do que venha a ser simulacro. A Imprensa tem-se utilizado sobremaneira dele, e ontem pra fechar o ciclo, foi a vez do deputado Wallace.
Em Baudrillard temos que simulacro é um espaço do hiper-real, uma realidade sem referência no real. A partir de situações construimos enunciados que fogem ao real e de tão laminadores acabam por serem mais reais que o próprio real, atingindo o estado de hiper-real. Não há porém, oposição entre real e hiper-real. Não é um campo de batalha entre valores morais de verdade e mentira. Nem entre simulação e realidade. Não se trata portanto, da criação de irrealidade. O que temos são um conjunto de signos e enunciados dispostos de forma sem referência a se mostrarem mais reais que a própria realidade.
A sociedade-cultura contemporânea para Baudrillard é rica em simulacros. Ele aponta a Mídia e a própria Política como manifestações sui generis de simulacros. São campos que se fazem a partir desse falseamento do real. Não precisamos dizer o quanto a Mídia (Baudrillard trata de "mídia" e não necessariamente de "imprensa") é sagaz nesse falseamento. O próprio "caso Wallace" é vendido como um produto de consumo.
Infelizmente ontem tratou-se de um jogo de cena, e mais infelizmente ainda é a constatação de que o povo não lê Baudrillard. Enfim, ervilhas e tomateiros comunicam melhor.
Abraços,
D.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
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O novo tom do PSDB: convergência |
Se há um jogo que nunca pára é justamente o político. O tabuleiro político está sempre em pleno movimento. Os jogadores observam, calculam, refazem estratégias, movem peças, tudo em busca de uma melhor posição junto ao poder, e com eleições a cada dois anos, não se enganem, é preciso jogar. É necessário jogar, pois, o preço pago por quem não joga é o ostracismo, é o esquecimento e o fracasso.
Desdobrando a máxima nietzschiana de que se você não está agindo, estão agindo por você, ou seja, se você não tá batendo, tá apanhando, vimos nessas últimas semanas quem vem jogando, quem deu as cartas e quem pegou uma boa mão nessa rodada, quem dominou o cenário político em maio.
A avaliação positiva do presidente Lula e o crescimento de Dilma em intenção de votos, são os referenciais políticos a moverem as peças do jogo. O PT não está pra brincadeira. Na periferia dessas pesquisas aparece, o que me chamou àtenção para os eventos subsequentes à divulgação, o pífio resultado de Aécio mostrado em um dos cenários propostos. Em cenário com ele sendo o candidato tucano à presidência, e com a presença de Ciro Gomes, Aécio ficaria nada mais nada menos que em quarto lugar na corrida presidêncial. Ficaria até mesmo atrás de Heloísa Helena, o que convenhamos seria pra fechar a casa. Pára tudo!
Aécio, prontamente, mostrou novo posicionamento e um discurso até então não dito pelo PSDB. Em entrevista à TV Brasil, semana passada, o Governador mineiro mostrou-se realista quanto a Serra ser o candidato "hoje com mais probabilidades" de ser indicado pelo seu partido, porém defendeu as prévias como modo de escolha.
A grande novidade foi quando perguntado sobre o cenário atual de pré-camapanha. Disse o tucano mineiro que "Dilma garantirá uma disputa de alto nível" pois, "ela é uma candidata à altura da democracia brasileira", numa clara tentativa de alimentar a divisão petista quanto à candidatura da ministra. Ainda afirmou que, aí vem o x da questão, seria um erro do PSDB apostar numa tentativa de "desconstrução" da imagem do presidente Lula, num tom estritamente de convergência, o mesmo utilizado pelo PT na campanha presidencial de 2002, em relação à política econômica do então governo FHC. Ainda em tom de convergência, Aécio fez elogios à atual política do governo, dizendo que o Governo Lula será lembrado pela história como o processo contínuo do Governo FHC pois, "foi lá que se iniciaram os programas de geração de renda. Veio o Governo Lula e, responsavelmente, manteve os parâmetros macroeconômicos e avançou nos programas sociais". Porém, criticou o modelo de gestão petista afirmando que "o governo virou às costas pra gestão, e passou a confiar na popularidade do governo Lula".
A verdade é que o discurso tucano precisa se renovar, recriar-se. E, recriar-se para além de momentos eleitoreiros. A soberba da verdade, do suposto saber, típico dos iluminados, já não cabe em uma conjuntura social de múltiplas linguagens. A diversidade de discursos e recortes sociais implica em constante reconstrução de si mesmo, quer sejamos indivíduos ou associações. O que vimos nesses últimos oito anos foi justamente o resultado dessa multiplicidade e diversificação: desde a eleição de um Lula, que é prova viva de como se reinventar constantemente, um verdadeiro monstro político, à metabolização de uma bandeira partidária de vinte anos de PT, que trocou a ética e o T de trabalhadores, pelo T de trambique e tramóia.
Na simples tentativa de se manter vivo no tabuleiro eleitoral Aécio, mesmo sem saber, talvez tenha prestado importante contribuição à história política brasileira. Apontou uma fissura no discurso [tucano]. Em termos clínicos diríamos mesmo que ele pontuou o discurso do outro, fez sacudir o analisando (vulgo paciente) de sua posição de conforto, deslocou seu olhar ao vazio do ser. Numa situação dessas é sabido que, ou o analisando [se] reconhece [na] a pontuação, ou nega! e escolhe permanecer preso ao sintoma - e cai novamente no circuito de gozo.
Esse seu simples ato pode ter como consequência o despertar do PSDB a um outro momento de sua história. E quem ganha com isso somos todos, é o Brasil. Veremos então, o que desse divã sairá e como ficará o tabuleiro pois, eis que ele se move, sempre!
Abraços,
D.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
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A Copa como falência da administração pública |
"O filósofo Marx afirmava que no momento em que o trabalhador escapasse da mais-valia, a exploração da força de produção do operário refletida em seu salário, ele poderia dispor de seu tempo livremente para usá-lo em outras atividades como dedicar-se aos estudos e lazer. Sem esta liberdade o trabalhador permaneceria escravizado com sua força de trabalho nas mãos do patrão. Sua alienação. O que significa que o trabalhador não se liberta apenas pelo trabalho, mas pela forma de trabalho. Aquela que lhe dispõe a ser o proprietário de seu tempo.
Como a sociedade se institui pelos agenciamentos múltiplos oriundos das forças de produção do trabalhador, da vez em que esta força de produção é negada na forma de exploração salarial, ou pela falta de empregos, temos uma sociedade que sub-existe mais na ordem do fetiche do que no princípio de realidade produtiva" (Afinsophia).
...
Artigo original em:
http://afinsophia.wordpress.com/2009/06/01/copa-em-manaus-ate-nisto-os-paraenses-sao-melhores-que-nos/
GOVERNO COMEMORA, MAS INDICAÇÃO À COPA NÃO TEM NEM FUTEBOL NEM DESENVOLVIMENTO URBANO
http://afinsophia.wordpress.com/2009/06/01/governo-comemora-mas-indicacao-a-copa-nao-tem-futebol-nem-desenvolvimento-urbano/
Textos elaborados e gentilmente cedidos por Afinshopia.wordpress.com
Abraços,
D.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
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Capitalismo em xeque |
A GM, empresa centenária americana, abriu o bico. Um dos maiores símbolos capitalistas norte-americano, sucumbiu à crise financeira mundial. Há quem diga que este é um momento histórico - aliás, assim como a "gordura localizada", que está sempre localizada em algum lugar, todos os momentos são históricos, pois que da história nada escapa. Mas, neste caso específico, seria prenúncio de novos tempos na economia global.
A "estatização" foi o meio encontrado pelo governo americano para "recuperar" o estrago feito por acionistas e especuladores à economia real. Esta estatização, aliás, já foi prática utilizada no próprio EUA e na Europa com bancos quebrados e companhias de seguros nesta mesma crise. Lembro que, há três meses outro simbolo do capitalismo norte-americano já fora virtualmente estatizado. O Citigroup, a partir de "ações preferenciais", recebeu US$45 bilhões em dinheiro público, fazendo do governo seu maior acionista. Nesta esteira foram o Bank of America (que recebeu US$ 45 bilhões), JPMorganChase (US$ 25 bilhões) e Wells Fargo (US$ 25 bilhões), além de quase 200 outras instituições.
Segundo Christopher Richter, analista do setor automotivo da CLSA Asia-Pacific Markets, a questão agora é fazer a GM e a Chrysler (outra montadora na mesma situação) competitivas, pois se não o forem certamente o Governo terá que fazer tudo isso de novo em poucos anos. O problema é que o fato dessas montadoras terem ficado menores implica numa maior fatia de mercado a ser disputada, e concorrentes como Toyota, Honda, Nissan e Hyundai (nenhuma delas americanas) certamente ficarão maiores. Alguma dúvida pra onde vai migrar a economia mundial nos próximos 50 anos?
Veja abaixo as maiores concordatas americanas, com o detalhe que das dez maiores nada menos que oito são deste século.
Acontece que o capitalismo mexe com a ordem do intangível, do excedente, do que excede à necessidade de vida e do que não se tem concretude. Depois de Deus e do Amor, verdadeiras especulações metafísicas, o Capitalismo é sem dúvida a terceira maior mentira que a humanidade produziu. Coisa típica de humanos, mentir. Vemos entretanto, que é inevitável sua superação, a questão é a que tempo?
Abraços,
D.
terça-feira, 26 de maio de 2009
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Manaus COPA 2014. Soy contra! |
Domingo próximo, dia 31, a FIFA escolhe as 12 subsedes brasileiras na Copa de 2014. Nossa querida capital baré concorre com Belém ao posto de subsede da Região Norte e em torno dessa questão inúmeros debates já se arrastam entre amazonenses e paraenses.
Um vez já decidido pela FIFA que a Copa será mesmo no Brasil, e com uma subsede no Norte, Inês é morta, não dá mais pra empurrar esse pepino pro Suriname, Guiana ou Venezuela. Resta-nos agora contabilizar os mortos e ver quem vai carregar os corpos: Manaus ou Belém.
Sobre a escolha em si, vejamos o seguinte: se o “critério técnico” fosse preponderante não se justificaria uma copa na África do Sul, nem mesmo a dobradinha Japão/Coréia como em 2002. Como não o é, concluimos que até mesmo Cucuí, no extremo norte amazonense poderia ser subsede da Copa em 2014. Imaginem uma Copa em Cucuí! Seria uma maravilha.
Se fosse “infra-instrutura”, Manaus e Belém nem deveriam concorrer. As duas cidades são assim, quase um primeiro mundo! em transporte coletivo, saúde, educação, segurança, hotelaria, etc. Em Manaus, por exemplo, já temos funcionando o “Metrô de superfície” e a “Nova Veneza” do ex-prefeito e atual sinistro da soja e dos transportes Alfredo Nascimento.
Estado por Estado, o concorrente Pará é claramente campeão em desmatamento da floresta amazônica e campeão de violência rural com suas grilagens e embates por terra, sua capital é notadamente conhecida pela violência urbana e sujeira. Já no Amazonas, é a festa que conhecemos de perto: governo corrupto, crime organizado, prefeito cassado, ministro processado, etc. Esta disputa me parece muito com o pleito 2008, eleições à Prefeitura de Manaus: três péssimas alternativas. Assim, entre Manaus e Belém, melhor seria nenhuma das duas, mas...
Ora, por apelo social, temos que a população das duas cidades, obviamente quer a Copa, afinal não é toda vez na vida que se tem a oportunidade de presenciar, assistir de perto a um clássico entre Burkina Fasso vs Papua-Nova Guiné, ou a um espetacular jogo de primeira fase entre Ilhas Faroe vs Trinidad e Tobago.
Lembremos, e isto é fato, que a Copa do Mundo de Futebol é disputada em 8 grupos de 4 times, portanto 8 cidades são o suficiente para acomodar o evento. Normalmente, vinha-se fazendo com 8 a 9 cidades, a exceção da Copa Japão/Korea (20 cidades) e da Alemanha (12 cidades). Ora, em 2002, justificava-se o uso de 20 cidades afinal o evento era em dois países. Já em 2006, na Alemanha, nem é preciso comentar o tamanho em extensão daquele país. Em um espirro você o cruza de trem norte a sul, leste a oeste.
Acontece, e isso também é fato, que em se tratando de 12, repito 12 cidades, nossa querida subsede do Norte (Manaus ou Belém) acomodará 3 ou, se muito, 4 partidas. Isto é fato! E partidas daquelas, do mais alto nível técnico como já mencionei, algo do tipo: Chipre vs Ilhas Maldívas. Agora imagine você, vooocê aí mesmo! gastando 1200 reais pra assistir de arquibancada, um clássico como esses! Lindo, não?!
Pois bem, comentários à parte entro na questão em si! O fato é que a escolha é POLÍTICA, e obviamente ECONÔMICA.
Um evento como esses consome bilhões e bilhões de dólares. A Alemanha, por exemplo, gastou 12 bilhões de dólares para sediar a Copa de 2006 – 0,34% do seu PIB daquele ano. Aqui em terras tupiniquins, o Pan RIO 2007 custou 3,7 bilhões de reais.
Em Carta Capital (ano XV, no 535) ao final de 2007, o Diretor Financeiro do Comite Organizador da Copa 2014, Carlos Langoni, apresentou orçamento preliminar de custos da Copa na casa dos 6 bilhões de dólares, pouco mais de 12 bilhões de reais.
Já segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (dados divulgados em janeiro 2009), a Copa 2014 está com orçamento em torno de 35 bilhões de reais, sendo este valor somente no quesito “gastos públicos”. Porém, em estudo oficial, para auxiliar as cidades candidatas, conforme Termo de Cooperação assinado entre CBF e Ministérios dos Esportes, a Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), elaborou estudo de infraestrutura nas cidades candidatas e estimou um valor de 100 bilhões de reais, somente em infraestrutura, ou seja, sem contar estádios, como custo para a Copa 2014 (reportagem Carta Capital, ano XV, no 535).
Sobriamente, à luz da razão, já nos caberiam inúmeras perguntas sobre a realização da Copa. Com esse desencontro de números, estudos e orçamentos - em pouco mais de um ano, o orçamento, a partir de três estudos diferentes, já subiu de 12 para 100 bilhões de reais - então nos cabe perguntar a quem interessa um evento como esses? A que grupos interessam a Copa? Quem lucraria com isso? E trazendo essas indagações pra cá, a quem interessa a Copa em Manaus? Quais grupos, ou quem lucrará com essa epopéia? O manauara que pagará em média 500 dólares para assistir Burkina Fasso vs Papua Nova Guiné? Certamente não!
Há quem diga, porém, movido a romantismo ou ingenuidade, ou ainda por pura ignorância, que um evento desse porte traria resultados a cidade como um todo, em infra-estrutura e qualidade de vida. Agora, infra-estrutura e qualidade de vida a que preço? E qual é a infra-estrutura que vale 6 bilhões de reais (valor orçado pelo Governo do Estado para a Copa 2014 em Manaus)?
Estes generosos six billions, lembro que é o orçamento inicial, e se levarmos em conta a cultura do brasileiro, um sujeito altamente planejador, técnico, eficaz e sobretudo, honesto quanto ao dinheiro público, certamente este valor será maior. O caso dos Jogos Pan-americanos RIO 2007 é exemplar. No Pan do Rio o evento todo foi orçado em 412 milhões de reais. O custo final foi de 3,7 billhões! Nove vezes o valor inicial e com o Governo Federal entrando em socorro no aditivo orçamentário para garantir a realização do jogos.
A esta simples análise de gastos e orçamentos (furados) agrava-se o fato da dispensa de licitação para serviços já realizados em nome da COPA 2014, como os de publicidade e projetos para candidatura de cidades sedes. A Edição dominical de A Folha de São Paulo, de 18 de janeiro deste ano, em matéria assinada pelos jornalistas Felipe Bächtold e Matheus Pichonelli, da Agência Folha, publica o que chamou de a ”farra do milhão”. Trabalhos, executados sem licitação, por empresas privadas de consultoria e projetos foram realizados pelos governos estaduais em cidades como Manaus, Salvador, Rio Branco, Cuiabá, Belém, Goiânia e Natal. Duas multinacionais de consultoria, Price Waterhouse e Deloitte (esta última contratada pelo Governo do Amazonas), embolsaram juntas mais de 5 milhões de reais. Os governos, lembro, dispensaram licitação.
A verdade é que o Brasil não está preparado pra um evento deste porte. Nem seu povo, nem seus dirigentes esportivos, muito menos seus políticos! Falta-nos cultura e seriedade! Falta-nos respeito ao bem público! A Copa não será dos brasileiros. Não será da dona Maria, do Seu João, do Pedro, do Zeca, do Francisco, etc. Mas a conta sim! Enquanto houver “Mensalão”, “Obras Fantasmas no Alto Solimões”, Crime Organizado em Coari”, “Escândalo das Passagens aéreas”, “Verba Indenizatória”, “PTbrás”, etc. o Brasil não pode se dar ao luxo de Copas e Olimpíadas.
Enfim, uma Copa no Brasil é um luxo num país de favelados! É uma afronta aos desabrigados! É desrespeito aos que passam fome! É um desrespeito às viúvas de policiais mortos em combate ao tráfico! É um crime contra as crianças cardiopatas sem tratamento! É crime às crianças sem escola! É crime contra aos que nem nasceram! Sim, palavra melhor não me vem à mente: CRIME. Uma Copa no Brasil é, decerto, um crime!
E nem vou comentar sobre a escolha de um Paulo Coelho como “o ícone cultural brasileiro”.
Se hay corrupción, soy contra !
Abraços.
D.