por Sávio Sales
Os temas referentas à colonização são uns dos mais interessantes para estudo. O fato das ex-colônias não obedecerem às regras do contrato social e as variações das representações sociais, que num mesmo sujeito podem aparecer das mais variadas maneiras e até mesmo de maneiras antagônicas, faz-no pensar como pode se chegar a um entendimento de "identidade nacional" ou até mesmo se esta pode existir. Existindo, como tais sociedades podem se auto-regular a partir de tantas contradições? Percebemos como o tema é intrigante e portanto, estimulante. No entanto, como a figura paterna é pouco estudada, e pelo fato de ter forte relavância na formação de qualquer sociedade, após achar um artigo que resvala neste tema, procurei apresentar alguns pontos para reflexão e novas conclusões.
O psicanalista Roland Chemama em um artigo no livro "Psicanálise e Colonização", faz algumas colocações interessantes sobre a figura paterna nos países que outrora foram colonizados, tendo por base sua experiência na Tunísia - que até pouco tempo era uma colônia francesa. Segundo Chemama, os pais, nesses países, são, através de vários mecanismos, identificados com o sujeito subjugado (colonizado) em contraposiçào à figura do colonizador, que se apresenta como ideal. O filho ao se identificar com o colonizador passa a ter com o pai uma atitude de incompreensão quanto a maneira deste pensar e agir, e tal atitude se reflete em comportamentos antagônicos ao longo da vida.
Mas, essa adversidade não é total. Para o autor existe aí um fator importante nesse processo, que é o estebelecimento de uma clivagem entre identificação com o ideal (colonizador) e uma outra que se encontra no mundo materno, onde o pai real transita sem um lugar fixo. Essa clivagem irá ter reflexos quando na fase adulta o filho, agora já pai, lhe sendo negado o acesso real aos meios materiais e jurídicos do colonizador, abdica ou é forçado a abdicar de ser o suporte de identificação para com seu filho, que consequentemente repete o processo de busca de identificação com o colonizador - que sempre se oferece como ideal.
O autor não define precisamente quem é "o colonizador" mas, o que se pode perceber é que este não se apresenta como real, mas sim revestido de uma aura estética de um ser que manda, subjuga, impõe, delimita padrões e que pode se fazer representar nas roupas, filmes, títulos universitários, etc.
Ressalvando sempre as diversidades das mais variadas formas de colonização, que têm aspectos dissimétricos internos e externos, a conclusão a que chega Chemama é que nos países frutos da colonização, ocorre um processo de colonização sucessiva, ou mais precisamente uma "re-colonização" constante.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
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O Pai colonizado |
quinta-feira, 30 de julho de 2009
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O Acre em perigo ! |
por Mario Santana
Torna-se a cada dia mais desvairado o desempenho da diplomacia brasileira, que já teve num passado remoto e em tempos mais recentes, um comportamento elogiado internacionalmente. Diplomatas como o barão do Rio Branco, Oswaldo Aranha e San Tiago Dantas, entre outros, que colocaram o país na primeira linha da diplomacia internacional, têm seu trabalho colocado em risco, por um triunvirato bisonho e arrogantemente tendencioso - M.A. Garcia (o top top), C. Amorim e S.P. Guimarães – cujos resultados denigrem a imagem tão arduamente conquistada pelos antigos ocupantes do Palácio Itamaraty.
A atuação da diplomacia brasileira atual é tão destrambelhada, que somente nesses últimos anos o Brasil, ao pretender ocupar cargos estratégicos no cenário mundial, vem sofrendo derrotas inexoráveis. Senão vejamos algumas delas:
· Em 2005 Luís Felipe de Seixas Corrêa perdeu a eleição para a OMC;
· No mesmo ano João Sayad perdeu a eleição para o BID;
· Em maio de 2009, Ellen Gracie perde vaga de juíza da OMC;
· O ministro Celso Amorim declara que o Brasil não vai apoiar o brasileiro Marcio Barbosa para a Unesco mas sim, o egípcio Farouk Hosny que entre outras coisas é considerado um anti-semita;
· Até a data de hoje, o Itamaraty não conseguiu colocar o Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Apesar do governo lula ter dado á China o status de economia de mercado, em troca de seu suposto apoio no episódio.
Na America Latina é que aparecem em maiores quantidades, as patuscadas do ministro Celso Amorim e a pusilanimidade do presidente lula :
· Rafael Correa do Equador determinou o embargo dos bens da Odebrecht no país, a ocupação das obras da construtora pelo exército e proibiu que brasileiros deixassem o país, tomando-os como reféns e admitiu que não pagará o empréstimo de cerca de 200 milhões de dólares efetuado com órgão do governo brasileiro (BNDES);
· Evo Morales da Bolívia mandou o exercito invadir duas refinarias da Petrobras, acusou a maior empresa brasileira de ser contrabandista e pagou somente 112 milhões de dólares pelas duas, acarretando enorme prejuízo ao Brasil;
· Fernando Lugano do Paraguai ao conseguir aumentar em 200% o preço pago pelo Brasil, da energia de Itaipu, construída com o dinheiro dos brasileiros, fez lula voltar atrás ao que havia dito antes. Dizia lula “Em Itaipu temos um tratado e vamos mantê-lo. Um tratado não se modifica”.
No continente africano o governo lula anistiou a dívida de diversos países governados por ditadores, na ordem de 700 milhões de dólares. E aqui no Brasil o magnânimo lula rejeita todos os projetos de lei que procuram amenizar o sofrimento dos aposentados do INSS, dando como desculpa a escassez de dinheiro público. Esses mesmos aposentados irão pagar a conta da ação do presidente no episódio Itaipu, individualmente ou através do Tesouro Nacional.
Analisando o comportamento vergonhoso e perdulário da diplomacia brasileira por todos esses anos lulistas, é bom que os acreanos acionem os seus senadores petistas, pois num rasgo de generosidade o presidente lula, aconselhado por sua diplomacia, atendendo a pedido do presidente cocalero Evo Morales, pode proscrever o Tratado de Petrópolis (1903), e num átimo o Acre voltará a ser boliviano. Vade retro Garcia !!!
quinta-feira, 16 de julho de 2009
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"O enigmático caso dos 2%" |
por Mario SantanaO Amazonas é, seguramente, um dos estados que menos desmata, dentre os que compõem a Amazônia Legal brasileira. Uma conjuntura de fatores e ações como a atuação extraordinariamente positiva do Pólo Industrial de Manaus, o difícil acesso à região, dificultando a ação destruidora de madeireiros, pecuaristas e sojeiros, e a instabilidade dos preços dos commodities (carne, soja), de uma certa maneira estão concorrendo para a preservação do bioma amazônico.
Deve-se ressaltar, porém, que a Zona Franca de Manaus, atual PIM, foi obra rara da ditadura militar dos anos 60, o acesso à região é obra da natureza e o preço dos commodities é determinado pelo comportamento do comercio mundial. Portanto, não há atuação peremptória de governante algum - pós-golpe militar - tanto no âmbito federal quanto no estadual, que tenha sido determinante para a salvaguarda da floresta amazônica. O certo é que, pelo seu próprio desenvolvimento econômico lançando borrifos de melhoria no desenvolvimento social do povo amazonense, a Zona Franca de Manaus nasceu para ficar. Essa pseudo luta que alguns políticos amazonenses alardeiam que promovem em favor da Instituição, é conversa de época de eleição. Pois quando o governo federal quer, a Zona Franca é penalizada.
Um episódio vem sempre à baila, quando o assunto é preservação ambiental. Os governantes de plantão continuamente ostentam que lograram preservar 98% da floresta no estado do Amazonas. Segundo o Inpe, em 1997 o Amazonas estaria com 1.452.860 km² de floresta original preservada, o que corresponderia a 98,09% e àquela época só perdia para o Amapá com 98,39%. Essa informação vem sendo repetida por cerca de 12 anos. Até os dias de hoje a versão do governo do estado do Amazonas continua a mesma. Permanecemos com, somente, 2% de floresta desmatada.
Dados do IBGE revelam que o Amazonas perdeu em torno de 7.573 km² somente entre 2000 e 2008. Nós que vivemos em Manaus, sabemos por intermédio da imprensa local e nacional, da devastação que vem acontecendo no sul do Amazonas. Humaitá, Lábrea, Manicoré e Apuí têm seus problemas com desmatamento, incêndios criminosos e disputas de terras.
Por que então, esse comportamento hipócrita tentando passar a informação de que o governo do estado e seus aliados na corte preocupam-se com a preservação do meio ambiente amazônico? Como eles podem defender a tese de desenvolvimento sustentável, usando de todos os meios lícitos ou não, para rasgar uma das partes mais preservadas desse bioma e colocá-la a mercê dos devastadores? Pois que ninguém se iluda, a pavimentação da BR-319 não é fruto de desejos desenvolvimentistas visando o bem-estar do povo, mas sim, de pretensões eleitoreiras, cupidez financeira, ignorância etnogeográfica e subserviência ao poder central.
Qualquer que seja o motivo dessa, como direi, bazófia oficial, o povo que os elegeu não merece ser tratado como idiota, levando-se em conta a importância da informação, que afeta diretamente e em uma instância superior, a preservação da vida em nosso planeta. Por que então não passar para o público o dado correto, sem manipulações irresponsáveis de quem deveria estar protegendo e não tentando destruir o nosso bioma?
Esse factóide dos 2%, ou é um caso para o Guiness Book, ou é um fenômeno matemático ou é uma deslavada mentira que capadócios da administração estadual pensam que estão induzindo a nós, os crédulos, a engolirmos o que já se tornou uma lenda urbana.
Pode também - pois estamos no país dos despachos secretos - ter sido aprovado em nosso estado a instituição dos ”2% Pétreos”, um dispositivo constitucional imutável, que não pode ser alterado nem mesmo através de emenda constitucional. Quem sabe? Muito menos eu!
quarta-feira, 15 de julho de 2009
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Crítica a uma filosofia(?) itinerante. Mas que filosofia?! |
em resposta ao blog Afinsophia.wordpress.com
Companheiro Marcos, como diria o outro lá ”que isso companheiro”? Por onde anda a Filosofia? Falo de Filosofia por não poder falar aqui de Jornalismo, pois mais uma vez insistes em dar "barrigadas". Pelo último artigo que li, não foi “hoje”, foi “ontem”, os depoentes não eram todos no mesmo dia, não é “23 de novembro”, é “setembro”. Não é “platéia”, é função parlamentar. Platéia somos nós que assistimos pela tv. Quem seriam os outros parlamentares? Porque não os cita? Eis a amargura do rancor, a má fé tendenciosa! Nem soubeste "chupar" um texto. Chupaste o texto da Agência Senado e nem a citaste. Tanto é função parlamentar, o cara tem que estar lá, é atividade dele, que outra função não teria razão de ser, afinal o grupo meliante é o outro, subalterno a outro chefe. Ou tu não sabes? Continuas a insistir numa linha que só expõe tua alienação e visão tosca tendenciosa. Aliás, teus dizeres só não estão comprometidos, como mal informados. Procura lembrar sobre ano passado neste mesmo período, e verás, caso largue as lentes da ma fé, quem é quem. Pesquisas em jornais e outras fontes, sobre a CPI baré, do mesmo tema, e terás tuas respostas. Assim não mais incorrerás na desinformação tendenciosa. Na má fé talvez, mas veremos. Enfim, com tanta barrigada tô quase preferindo assistir o Ronaldo-Jaca, ele ao menos come a bola, e não pisa na bola como o “jornalismo” de teu blog.
Há duas semanas te disse uma, não acreditaste! De lá pra cá soltaste mais duas. Erradas! Inverídicas! Comprometidas com o olhar cego! Alienadas no mesmo discurso do Zé Ninguém! De sujeito errante-construtor passaste a errante fadado a erros, e simples reprodutor de discurso alheio. Comprometido com a culpa de ter que agradar e ser visto reproduzes um discurso alienado de uma criança que clama pela atenção do papai. Papai tá rico cara. Papai veste terno de 7 mil reais. Já não é mais povo, há muuuito tempo. Não mais quer saber de ti, essa é a verdade! É triste ver que te tornaste um vetor-reprodutor da má fé, da cegueira social. Não há mais potência!
Ou perdestes a capacidade de filosofar, ou também andas recebendo dinheiro da PTbrás?! Ou pior, permaneces alienado no discurso do pai, sem capacidade de construir dizeres próprios. Dizeres desprendidos de rancor, ressentimento ou ainda, inveja! Como diria o velho Sartre, a melhor coisa que meu pai fez por mim foi ter morrido há 20 anos! Mata o teu, mata esse papai cara! Liberta-te! *
“Marcos” companheiros, resolve esse Édipo ou não viverão a filosofia, pois que esta é liberdade!
Até quando permanecer alienado nisso se o que tu re-clamas haver de um lado, há pior do outro? Ou tu não vês? Repito: é pior! Venderam uma moral e uma ética por mais de vinte anos, alienaram a subjetividade de um povo, e a práxis é outra! E tu na tua potencia filosófica(?) ainda assim não vês?! Que filosofia é essa companheiro?
Filosofia é a capacidade critica sobre a existência. Simples. Agora como não há crítica, o dizer está comprometido e alienado, não há filosofia!
Como praticar Filosofia a partir do rancor, do olhar alienado e do dizer reacionário? Sim! Reacionário sim! Pelo mesmo motivo com o qual tu acusas outros, pois te colocas claramente de um lado da moeda! Sem saber que moeda já não há!
Se a crítica de teu blog é alienada, a leitura é cega, rasteira e tendenciosa, e o dizer é reacionário, como haver filosofia assim?
Se não há jornalismo, nem filosofia, teu blog - ou vetor de comunicação, de afectos e perceptos, como gostam de vomitar alguns filhosteus – torna-se apenas um blog. Isto sim: apenas um blog, como tantos outros. Apenas um corta-papel, uma couve-flor, ... Não há mais nada de filosofia! Nada resta. Mais ainda, e se tuas informações são comprometidas, perdes a única coisa que resta a um blog: a credibilidade!
Por estes ares já não vôo mais.
Enfim companheiro Marcos, fraternos abraços cabocais,
* parágrafo corretamente lido somente a partir da Psicanálise.
terça-feira, 14 de julho de 2009
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14 de Julho: qual é a sua Bastilha? |
Dentre os capítulos das famosas Revoluções Burguesas certamente a Revolução Francesa merece destaque. Em 14 de julho de 1789 vivemos um marco divisor na história da cultura ocidental. Agora em 14 de julho de 2009 vivemos a reprodução de um Estado moralmente falido. Trezentos anos depois, a ALE-AM nos deu mostras que Igualdade, Liberdade e Fraternidade não compõem o dicionário do atual governo estadual.
Em sessão daquelas que, infelizmente, tem-se tornado comuns no parlamento amazonense, aprovou-se tudo. Ao melhor estilo rolo compressor foram aprovadas mensagens governamentais, empréstimos, LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) que permite à ALE-AM gastar indefinidamente no próximo ano (aliás, não menos que 3,8% da receita do Estado), contas do Governo (sim! o mesmo governo que ainda paga a um secretário envolvido com desvios de verba nas Obras do Alto Solimões salários na ordem de 15 mil reais como se nada de podre houvesse neste reino) permissão de viagem ao Governador, sabe-se lá a que custas - só questionada por Arthur Bisneto e devidamente rechaçada pelo presidente Belarmino Lins, com certo desconforto.
“Os deputados que concordam permaneçam como se encontram”. “Aprovado”! Como fazer do parlamento algo democrático se 20 deputados compõe a base do Governo? Liberman Moreno, Arthur Bisneto, Luiz Castro e Ângelus Figueira, travam infrutíferas batalhas contra o rolo compressor Braguiano. As mudanças esperadas com a eleição de Amazonino à Prefeitura de Manaus não se deram na prática de plenário. A base do PP, mais algumas dissidências não engrossaram a oposição na hora do voto. A ALE-AM continua um quintal, um playground do Governo estadual. Como fazer oposição em vinte contra quatro?O que sabemos é que em 1789 movidos pelo desejo de mudança contra um regime opressor, camponeses se uniram contra a fome e contra os privilégios de uma classe parasitária. O Antigo Regime sofrera seu pior golpe. A Bastilha, simbólicamente tida como ícone da opressão popular, surge como um marco histórico. Sua tomada, para além do romancismo dos livros de história, deu-se por ser lá o maior armazém de pólvora em Paris. Ao precisar se defenderem das tropas reais que avançavam de Versalhes à Paris, a mando de Luís XVI, o exército do povo precisava da pólvora como munição para o recém armamento conquistado - a partir de saques. Vinte mil mosquetes precisavam de pólvora. O calor e a fúria revolucionárias já as tinham, faltava a pólvora. "Tomar a Bastilha" significa luta, significa ação social, ação coletiva, e sobretudo iniciativa na derrubada de um regime explorador.
Sabe-se o que ocorreu durante a Revolução. Movidos por ideais comuns foi criada a Assembléia Constituínte, onde, dentre outros ganhos sociais, fôra questionado o também pagamento de tributos do clero e da nobreza. Não só ao povo seria debitada a conta! Da Assembléia Constituínte surgiram os pilares da Democracia Moderna. E hoje, esta democracia é posta em xeque, ou cheque!
Um governo em que não há Democracia, é um governo perigoso! Uma Democracia em que o povo passa alheio às decisões não é Democracia. Toda tirania um dia tem o desdobrameto que a história já nos mostrou. Não se pode mais viver em um Estado Monocrático de Direito em que um Presidente desqualifica seu Congresso e um Governador subjuga os representantes do povo. Isso não é Democracia! O momento pede no mínimo crítica, quiça ação!
Qual é a sua Bastilha?
Abraços,
D.
sábado, 11 de julho de 2009
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Assembléia Legislativa do Amazonas mostra sua cara |
Notadamente conhecida pelo seu desserviço ao povo do Amazonas e chamada de quintal do governador, a ALE-AM desta vez se superou. Na última quarta-feira "brincou" ao fazer tramitar em Plenário, e depois ceder à Imprensa, um requerimento que indicava o Deputado Liberman Moreno para Secretaria dos Povos Indígenas, recém criada.
Como se não fosse o bastante nada fazer - esta legislatura, ao que pese ter construído uma sede nova, é de longe conhecida pela quantidade de festejos que faz: Sessões Especiais, Audiências Públicas em horário regimental, sendo que muitas não são públicas de fato, Coquetéis, Cerimoniais, etc. - agora os nobres deputados optaram pelo ridículo. Circulou a partir da Mesa Diretora um requerimento - oficial, em papel timbrado e carimbo da Mesa - que indicaria o Deputado Liberman a ser Secretário dos Povos Indígenas.
Documento assinado pelo próprio Presidente Belarmino Lins, e com mais sete outros membros da Mesa Diretora, ou seja, oito de dez membros, foi fácil fazer com que outros deputados subscrevessem tal "indicação". A "oficialidade" do requerimento na verdade se tratava de pasmem! uma "brincadeira" com Liberman Moreno. Este, na semana anterior tinha pregado um peça, diga-se de passagem outra brincadeira, com Belarmino (vulgo Belão) quando o mesmo presidia Sessão que aprovaria Projeto de Lei criando a Secretaria dos Povos Indígenas.Tudo começou quando, ao seu melhor estilo ironico-debochado, tal Presidente, de forma a tirar sarro com os deputados, sugeriu aos oradores que fossem usar a tribuna que o fizessem de "cocar" na cabeça. Porém, Belão não contava com a astúcia de Liberman, que de bete-pronto inverteu o discurso ao dizer que tal exemplo deveria partir da Presidência dos trabalhos, ou seja, do próprio Belão. Xeque-mate! Plenário em peso apoiou a recomendação de Liberman. Provando do próprio veneno, Belão muito a contra gosto, servindo de chacota pra todo o Plenário, e certamente pra todos os funcionários da Casa que assistiam a Sessão pelo Canal ALE, pôs-se a presidir a Sessão de cocar na cabeça (foto). Seguranças, Assessores, Deputados, Jornalistas, todos, literalmente todos lavaram a alma nesse episódio. A coisa foi tão ridícula que mesmo a comunidade indígena não conteve os risos.
Este fato da semana anterior, decerto "indica" de onde partiu a "brincadeira" desta quarta-feira. Não é preciso nem fazer muito esforço pra pensar.
Agora o que se sucede é o seguinte: brincadeira com Liberman ou com o povo do estado? Brincadeira com Liberman ou com o contribuínte que paga os altos custos de manter àquela Casa "funcionando"? Brincadeira com o Liberman ou com a população de Coari que viu a CPI instaurada na própria ALE-AM "dar em nada" - como antecipara seu próprio relator à época?
Ora, que brincadeira é essa? Só pode ser uma brincadeira mesmo! Desrespeito total para com os povos indígenas, esta legislatura parece não ter noção dos limites do ridículo.
É chegada a hora de vivenciarmos de fato uma Democracia Representativa. Imaginem se a população se desse conta que cada deputado que lá está, está para lhe representar?! Imaginem se o Seu Chico, a Dona Maria, o Francisco, o João, o José e tantos outros ADOTASSEM um deputado para cobrá-lo de perto? para vigiá-lo em seu mandato?! O que seria?
Aliás, acho engraçadíssimo quando um nobre parlamentar enche a boca pra falar "meu mandato", como se este lhe pertencesse e não ao povo. Ou quando surgem com a pérola "eu me elegi" ou "vou me eleger". Como é possivel isso?! Ninguém se auto elege! A nada. Quem elege é sempre o discurso do outro, pra falar em termos psicanalíticos, e em política eleitoral quem elege é o povo, pra ser bem claro.
A partir desse ridículo e dessa "brincadeira" seria interessante se o povo brincasse também. Brincasse por exemplo da brincadeira de patrão e empregado. Como?
Ora, o Poder Legislativo não sobrevive a partir de cotas repassadas pelo Executivo? E essas cotas não são os tributos da população?! Assim, por extensão temos que na verdade Eles são empregados do Povo! Certo? Agora pergunto a você, voooocê aí mesmo: o que você faria se sua cozinheira brincasse de deixar o registro da botija de gás aberto? o que você faria se seu motorista brincasse de bater o seu carro? se sua secretária brincasse de perder documentos ou de esquecer de não o avisar de suas reuniões? ou se a babá de seu filho brincasse de o esquecer na banheira cheia dágua?! Interessante né?! O que você faria?
Abraços,
D.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
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Fernando Henrique e Sarney: algumas diferenças |
Semana produtiva! Mesmo que o Brasil insista em se esvair em escândalos precisamos produzir, afinal, navegar é preciso, já diria o poeta. Estivemos esta semana em Brasília para, dentre trabalhos internos e rotineiros, representar o Instituto em reunião de Planejamento Estratégico, e por conta também de Sessão solene no Senado em razão da comemoração dos 15 anos do Plano Real.
No Congresso, deixando de lado assuntos que são de domínio público, chamou-me atenção duas imagens emblemáticas de terça e quarta feiras à tarde.
Na terça, não resisti e iniciei minha carreira de paparazzi ao filmar de dentro do plenário [Senado] o pronunciamento do Presidente Fernando Henrique (ver barra de vídeo - coluna lateral do blog). Ato deliberadamente proibido, tive que filmar ao melhor estilo “câmera escondida”. Situação inusitada, afinal, não é todo dia que temos um ex-presidente [respeitado] discursando na tribuna do Senado. Não me contive nesse registro histórico! Mais inusitado, e aí é que quero comentar, foi ao final de seu pronunciamento, já nos corredores, o assédio sofrido por FHC. Coisa de louco! Não tinha visto nada parecido. Disputa que por um breve momento me fez duvidar dos postulados da física moderna - vários corpos ocupando o mesmo espaço. Perdi a conta de quantos jornalistas pressionavam sua excelência contra paredes e entre eles mesmos. Por um breve momento, realmente pensei que a teoria Newtoniana seria desbancada, tamanho o aglomerado de seres ocupando o mesmo espaço.
Sem ter como parar para entrevistas, parar ali seria um turbilhão maior ainda, FHC caminhou lentamente entre os jornalistas até o momento de mais sossego, na escada caracol (foto), quando enfim conseguiu respirar.
O outro momento, em contraponto a este de terça, deu-se na tarde de quarta. Antes do início da Sessão, ao chegar no Senado, o atual presidente do Congresso, Senador Sarney, mostrou em simples ato o quanto está sendo difícil manter sua biografia de pé. Ao sair do elevador que fica entre o Plenário e o acesso a sua sala, sala da Presidência na verdade, os seguranças trataram de fazer o famoso cordão de isolamento para conter os jornalistas e assegurar passagem livre a sua excelência. Cordão de isolamento feito, Sarney teve acesso "tranquilo" (se é que algo está tranquilo ali) à sala da Presidência - sem, diga-se de passagem nem ao menos acenar para jornalistas e transeuntes que divagavam naquele ambiente.
Contraste efetivo! Digno de registro. Um mal pode caminhar entre mortais, e outro, imortal que é, precisa de cordão de isolamento - mesmo que isolamento seja seu fim. Triste fim...
Abraços,
D.
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15 anos de um novo Brasil |
Nesta útima terça-feira (7 julho) no Plenário do Senado Federal prestou-se homenagem aos 15 anos do Plano Real. Propositura de Arthur Virgílio e do deputado federal José Aníbal, a sessão solene contou com a presença ilustre dos economistas Wiston Fritsch, Edmar Bacha e Gustavo Franco, do ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, Ministro Eduardo Jorge Caldas, Ministro José Jorge de Vasconcelos Lima, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de tantas outras figuras do cenário político brasileiro.
Presidida pelo então - ainda - presidente do Congresso, o Senador Sarney, a curiosidade da Sessão foi a composição da mesa, colocando lado a lado Arthur Virgílio, Sarney e Fernando Henrique Cardoso, mostrando um breve momento de trégua no Congresso e de maturidade das instituições brasileiras.
Guardados os confetes pelo festejo, temos como certo que o Plano Real é história brasileira. Existem vários Brasis e certamente um deles fez-se após o Plano Real. O que hoje temos como realidade econômica e social só é possível pela reorganizaçào do Estado Brasileiro iniciada na década de 90. Moeda forte, equilibrio econômico, derrubada da inflação, estabilidade social, etc. são muitos os legados do Plano. Decerto a estabilidade e relativo conforto financeiro que o Brasil passa hoje não seriam possíveis sem o legado do Plano Real. Eis que a história se faz presente!
Abraços,
D.
domingo, 5 de julho de 2009
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Lula empareda PT e cria constrangimentos |
Enquanto a bancada do PT (antigo partido dos Trabalhadores) manifesta publicamente posição favorável ao afastamento de Sarney da presidência do Congresso, o presidente Lula após voltar de viagem, enquadra todo mundo - a dizer, seus subordinados - e manda apoiar Sarney.
Numa intervenção que não é só intra-partidária mas, principalmente nos Poderes constituídos da Democracia, o presidente Luiz Inácio amigo-da-onça Lula da Silva, expôs a constrangimentos nomes importantes da política brasileira. Visivelmente constrangido, nesta sexta-feira o senador Aloízio Mercadante em entrevista coletiva à mídia televisiva tentava argumentar a [nova] mudança de postura do PT quanto ao caso Sarney, após a incisiva interferência de Lula: "governabilidade", eis a palavra mercadantesca.
Ser líder de um desgoverno é, imagino, tarefa pra poucos. Na noite de terça-feira o PT se reuniu e deliberou pelo afastamento: um mês de afastamento à Sarney. Eis que na quarta-feira o PT assumiu publicamente posição favorável ao afastamento de Sarney. Mas na mesma quarta-feira o mesmo PT desmentiu tal posicionamento. Em um curto período de tempo, por volta das 14 às 16 horas de quarta, o PT foi à imprensa e mudou o discurso umas três vezes. Ora era à favor do afastamento, ora contra.
O que não sabiam os senadores do PT era que ainda na terça, Sarney falara com o Presidente Lula. Criticara a posição do PT e obtivera como resposta um "fica tranquilo companheiro". Para Lula, o amigo-da-onça, os senadores do PT estavam sendo, aliás, seriam, "amadores". Tudo seria resolvido quando ele voltasse da Líbia, e depois é claro do jogo do Curinthian.
O fato é que Mercadante estava irreconhecível em entrevista coletiva nesta sexta-feira, constrangido era adjetivo pequeno.
Neste domingo, em edição de Veja, ainda sobre essa torre de Babel, outro petista, o senador Tião Viana, não se conteve ao criticar seu presidente: "... ele deixa uma grande frustração no que se pensava ser uma de suas maiores habilidades: a política partidária. Lula nada fez para evitar a desconstrução e a perda de autoridade moral do Congresso... é papel do chefe de estado fazer com que as instituições como o Parlamento sejam vigorosas". Tião Viana, do PT, foi Presidente do Senado após o afastamento de Renan Calheiros, e foi também adversário de Sarney na última eleição à Presidência do Congresso Federal - não obtendo o apoio de Lula, seu Presidente.
Do modo como as coisas se apresentam, e levando em conta a história recente deste atual governo, esta é uma crise da qual não temos a mínima idéia de como acabará. Sustentada em um partido fisiologista, tal qual o PMDB, e pseudo-governada por um partido de fachada - que na verdade já nem existe mais, o PT, é certo que a Democracia brasileira passa por um momento diferente, pois é fácil afirmar que nunca na história desse país houve tanto desgoverno com cara de governo.
Abraços,
D.
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"Bandidos não mandam flores" |
Abri mão da verba indenizatória. Tinha direito a mais de um telefone celular e fiquei apenas com o meu. Dispenso carro oficial. Devolvi o dinheiro das horas extras pagas no recesso aos funcionários de meu gabinete. Fui o primeiro a dizer que o presidente do Senado, José Sarney, não precisa sobreviver à atual crise, mas a instituição sim, porque é fundamental à Democracia brasileira.
Isso tudo fere interesses. Agir assim, de peito aberto, atraiu a ira de bandidos, acostumados a lidar com a coisa pública como extensão de suas vidas privadas.
Montaram uma máquina contra mim. É um tal de conversar enquanto falo e uma explícita tentativa de esvaziar de apartes os meus discursos.
Comigo isso não funciona. Continuo dizendo tudo o que precisa ser dito. Obriguei senador a me apartear. Fiz até que o plenário do Senado funcionasse numa segunda-feira, com o presidente Sarney presidindo, pela primeira vez em toda longa história dele no parlamento.
Golias não calou Davi.
Sexta-feira fui à tribuna novamente. Cumpri o dever de, diante do escândalo da mansão não-declarada de Sarney - mais um escândalo! -, mostrar que, em se agarrando ao cargo, ele só agrava ainda mais a crise.
O líder do PT, senador Aloísio Mercadante, fez discurso generoso para comigo. Grande parte da bancada do PT o aparteou, solidarizando-se contra a campanha de maledicências com que me atacam. Um deles até disse que tem funcionário fazendo especialização no exterior, como tive, mas ninguém notou, justamente porque o objetivo é atacar aquele que ousou defender com bravura a instituição. A rigidez moral deste Senador, no entanto, me leva a vender patrimônio e devolver à Casa tudo o que foi gasto durante o período de estudos de meu funcionário. Não segurarão meu pulso por aí.
E atacaram minha mãe.
Tenho imensa dor pela perda dela. Sofro, quando recordo. O tratamento médico contra o Alzheimer que o Senado pagou para ela, porém, se deveu à dependência de meu pai, o Senador Arthur Virgílio Filho. Todas as contas foram auditadas, conferidas e respaldadas. Nada a ver com meu mandato.
Meus 30 anos de vida pública não estão à disposição de dois ou três meliantes. A mim, eles não intimidam. Podem intimidar segundos, terceiros ou quartos. Eu não! Eu tenho nas veias, biológicas e culturais, o sangue de Ajuricaba.
Estou na luta para que o presidente Sarney deixe a Presidência do Senado. Não é possível que um poder dessa importância suporte o comando de um homem que precisa se explicar diariamente e tenha confronto cotidiano com o aparentemente inesgotável arsenal de percalços inexplicáveis que envolvem sua vida pública.
Estou reconfortado pelas ruas. Quinta, em um restaurante de Brasília, quase não consigo jantar, diante de tantas pessoas que me cumprimentaram. Em Manaus, sexta, foi a mesma coisa.
O povo entende minha luta. Mas bandidos não mandam flores. Nem eu, para eles.
Arthur Virgílio Neto.
sábado, 4 de julho de 2009
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"Chega de leseira! Ferrovias Já!" |
Na segunda metade do século XIX, a América do Norte, sentindo a necessidade de expandir racionalmente o seu desenvolvimento socioeconômico por todo o país, iniciou a construção daquela que foi, indubitavelmente, uma das obras mais importantes no que se refere à unidade nacional: a ferrovia Union Pacific. Seguramente é do conhecimento de todos, o papel que essa ferrovia exerceu na integração e modernização daquela nação. Não mais que cinco anos bastaram para que os norte americanos (com o apoio maciço de trabalhadores chineses) construíssem, em plena guerra da Secessão, mais de 5 mil km de ferrovias unindo a Costa Leste à Costa Oeste dos EEUU. Isto tudo, transpondo obstáculos como pântanos, desertos, subindo e/ou atravessando montanhas, enfrentando nevascas, etc.
Este exórdio faz-se necessário, para demonstrar que não existem dificuldades construtivas em implantar ferrovias no Amazonas, já que há mais de 140 anos, sem a tecnologia que existe hoje, os nossos irmãos do norte uniram o Leste ao Oeste dos EEUU através de ferrovia. Hoje a Union Pacific oferece serviço competitivo de transporte à longa distância e diversificado, que inclui produtos agrícolas, automotivos, químicos, energéticos, industriais e um serviço intermodal integrado com a rodovia e a navegação fluvial e lacustre.
Agora os fatos. Acredito que, todos os amazonenses natos ou aqueles que aqui estão radicados, desejam o desenvolvimento desta região. Tomo isto como um axioma. Sabemos que um ponto básico no desenvolvimento, é diminuir distâncias e custos de transporte, que oneram consideravelmente os produtos do PIM, até chegarem ao mercado consumidor. É necessário, portanto, criar vias de transporte para suprir essa deficiência, certo ? Mas, por que só se pensa em rodovia?
O Amazonas tem que ser pensado de uma maneira insólita, visto que é um mundo praticamente desconhecido e único no planeta. Como não pensar em proteger a biodiversidade da região? Como não pensar em proteger todo um bioma que ainda não foi detectado no seio da floresta? Como não pensar em proteger ¨o povo da floresta¨? Como não pensar no desmatamento, na desertificação, na poluição do ar, dos rios e lagos? Como não pensar no futuro do planeta? Esse é um problema de todos nós, jovens, adultos e idosos, que estamos prestes a legar ao futuro, um planeta condenado à morte.
Um mínimo de raciocínio nos levará a debater com seriedade, com ética e com honestidade de propósitos sobre o modal de transporte que menos venha a atingir a integridade da floresta amazônica. Não me venham acenar com a grossa mentira de que as Zonas de Proteção irão impedir a devastação do meio ambiente. A BR-163, Cuiabá-Santarém, está aí para demonstrar a ineficácia dessas Zonas de Preservação Ambiental. No entorno da rodovia, somente na Floresta Nacional do Jamanxim, foram dizimados em três anos, cerca de nove mil e duzentos hectares de floresta virgem em razão de estradas clandestinas, retirada ilegal de madeira e incêndios. Cadê a proteção?
Por que ferrovias? Existe uma literatura infindável nos meios científicos, defendendo esse modal de transporte, cujo argumento mais incisivo é, acredito eu, o que menos violenta o meio ambiente. Outros argumentos, como a necessidade de proteção constante por toda a extensão das rodovias, o alto índice pluviométrico da região que acabará com o capeamento asfáltico a cada seis meses (como conseguir verbas para a recuperação?), a poluição oriunda do número de carros e caminhões que por ali trafegarem, etc., também são importantes no contexto que aponta para a reprovação do modal rodoviário na floresta amazônica.
Já está se esgotando o prazo para as sociedades civis constituídas, universidades- corpo discente e docente, os políticos, os sindicatos, a imprensa não comprometida, as igrejas, organizações não governamentais, os formadores de opinião, entre outros que atuam em nosso estado, formarem uma cadeia de ações impactantes no sentido de colocar o modal ferroviário no cerne da discussão para a escolha do melhor meio de transporte a ser usado no coração da maior biodiversidade tropical do planeta. Chega de leseira!
Mario Santana
sexta-feira, 3 de julho de 2009
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Renúncia de Sarney é golpe |
A crise do Senado parece não ter fim. Um emaranhado de relações escusas, denúncias de todo tipo, quadrilhas montadas com direito até a bunker, enfim, como diria Pepeu Gomes "todo dia é dia de índio", todo dia é um fato novo. E nesta quinta-feira surgiu uma nova acusação contra o senador-presidente José Sarney: teria Sarney escondido de sua declaração de bens à Justiça Eleitoral, nos últimos 12 anos, uma casa de 4 milhões de reais. Um verdadeiro casebre localizado na Península dos Ministros - área mais nobre do Lago Sul - às margens do Lago Paranoá.
Comprada de um banqueiro, o famoso contrato de gaveta foi a forma utilizada para dar um contorno à transação. Porém, após dez anos da compra, agora em 2007 Sarney resolveu a titularidade do imóvel, mas ainda assim não o declarou à Justiça Eleitoral. Especialistas em Direito Eleitoral dão o fato como "fraude". Uma atitude de "omissão de bens", por parte do senador-presidente.
Que a situação de Sarney é insustentável, já é sabido por todos, decerto ele não termina o mandato de Presidente do Congresso. Agora que essa crise está longe de mostrar a verdade das coisas, aí sim, eis a questão. Nem a sua verdadeira cara, nem a forma e desfecho são certezas. Lula, após - mais uma - viagem, volta ao território tupininquim, e depois dos festejos pela vitória do Curinthian, imagina-se que dê o seu pitaco. Isso é claro após limpar as lambanças feitas pela sua base de governo - diga-se de passagem o PT.
Duas coisas são bem possíveis. Se tivermos como certa a saída de Sarney, e eu a tenho, ou isso dar-se-á por meio de afastamento ou renúncia. O pobrema é que em sendo a primeira, a Presidência cairá nos cólos da oposição. Necessariamente do Senador Marconi Perillo. Daí que a renúncia seria o "golpe" do governo para impedir tal vitória da oposição.
Lula que, apesar de ser, a meu ver, um verdadeiro monstro político - não é de hoje que falo isso - é notadamente amigo-da-onça e estritamente rancoroso, mais até que um câncer. Se voltarmos ao ano de 2005, do episódio ainda não explicado do Mensalão, veremos a atuação que teve Perillo ao denunciar a ciência de Lula sobre a questão. Lula, o rancoroso, não esqueceu, disto não esqueceu. Fará de tudo para impedir que Perillo, assuma a Presidência do Congresso.
Como a situação de Sarney é insustentàvel, o então amigo-da-onça, agora tem seu maior amigo na figura do próprio Sarney: "Sarney companheiro, aguenta aí, esse rojão é contigo". Lula precisa que Sarney fique, quer seja por "governabilidade", como disse Mercadante, quer seja por alianças com o PMDB. Já o PT, decidiu pelo "afastamento temporário" de Sarney. Sarney quer ficar, mas sua permanência é insustentável - conforme DEM, PSDB, PDT, PSOL. Dessas quatro variantes possíveis teremos o discurso final.
Enfim, certo mesmo é sabermos que Sarney é macaco velho, passado na casca do alho já há muito tempo. Decerto, conhecedor da história que é, não se permitirá cometer os mesmos erros que Renan cometera no passado: situação semelhante, pressão cada vez mais crescente, Renan tentou lutar contra a o fluxo da história. Caiu! Sarney é mais sábio, mais matuto, não cavará esse calvário. Poderá sim, sair de mansinho, sair do olho do furacão e armar a arapuca pra outros. A frigideira está esquentando, não se enganem!
Abraços,
D.